O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, em coletiva nesta quinta-feira (18), preocupação com as agressões contra a Venezuela e afirmou ter realizado telefonemas com seus homólogos dos EUA e da Venezuela, Donald Trump e Nicolás Maduro, colocando-se à disposição para atuar como mediador na situação.
''Disse para o Trump da preocupação do Brasil com a Venezuela, porque isso aqui é uma zona de paz, isso aqui não é uma zona de guerra. Disse para ele que as coisas não se resolveriam dando tiro, que era melhor sentar em volta de uma mesa para a gente encontrar uma solução''.
''Tem gente que para fazer política tem que ter um inimigo. Aqui no Brasil já teve muita gente assim'', afirmou Lula na ocasião.
Na sequência, o mandatário sugeriu que o interesse norte-americano em Caracas pode estar associado aos seus minerais críticos ou às terras raras, mas que ''ninguém coloca na mesa o que quer''.
Ao comentar seu telefonema com Maduro, Lula reiterou que a escalada pode ser solucionada sem guerra, e voltou a repetir que está ''à disposição, tanto da Venezuela quanto dos Estados Unidos, para contribuir numa solução pacífica no nosso continente''.
Entenda:
Na terça-feira (16), os EUA anunciaram um "bloqueio total e completo" à entrada e saída da Venezuela de navios petroleiros alvo de sanções. Também designarem o governo Maduro como "uma organização terrorista estrangeira", sem apresentar nenhuma prova para justificar a decisão.
Em resposta, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, ressaltou que o país fará valer seus direitos e alertou que Trump busca impor, "de maneira absolutamente irracional", um bloqueio militar naval ao país com o objetivo de "roubar" suas riquezas, que ele "presume serem de sua propriedade".
Agressões dos EUA
- Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou.
- Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.