Rússia impele o governo Trump a 'evitar um erro fatal' em relação à Venezuela

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que tem observado "uma escalada ininterrupta e deliberada da tensão" em torno do país latino-americano.

A América Latina e o Caribe devem continuar sendo uma zona de paz, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em um comunicado publicado nesta quinta-feira (18), em meio à agressão exercida por Washington contra a Venezuela, bloqueando seus navios petroleiros.

"Constatamos uma escalada contínua e deliberada das tensões em torno da Venezuela, nosso país amigo. O caráter unilateral das decisões que ameaçam a navegação internacional é particularmente preocupante", declarou.

A chancelaria russa também expressou sua confiança de que "a administração do Sr. Trump, que se distingue por uma abordagem racional e pragmática, não cometa um erro fatal e se abstenha de continuar a deslizar para uma situação que acarrete consequências imprevisíveis para todo o Hemisfério Ocidental".

Moscou apelou a Washington para não cair "em uma abordagem ideológica estreita que limite a visão do que está acontecendo", afirmando que "defende de forma consistente a normalização do diálogo entre Washington e Caracas". 

"Reafirmamos nossa solidariedade ao povo venezuelano diante das provações que está enfrentando, nosso apoio à política do governo de Nicolás Maduro, voltada para a defesa dos interesses nacionais e da soberania da pátria", destacou a chancelaria russa.

Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil Pinto, agradeceu à Rússia por rejeitar as ações agressivas dos EUA no Caribe. "Em nome do Presidente Nicolás Maduro, expressamos nossa gratidão pelas fortes declarações emitidas pela Federação Russa, que rejeitam as ações beligerantes dos Estados Unidos, as quais ameaçam a vida do nosso povo", escreveu em sua publicação.

Agressões dos EUA

Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.

Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.

Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou.

Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.

Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como RússiaColômbiaMéxico e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.