
EUA pretendem 'impor um governo fantoche que não duraria nem 47 horas', diz Maduro

Com suas ações mais recentes, os Estados Unidos estariam tentando "impor um governo fantoche que não duraria nem 47 horas", afirmou nesta quarta-feira (17) o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
"É uma pretensão belicista e colonialista. Já dissemos isso muitas vezes e agora todo o mundo vê a verdade. A verdade foi revelada: pretende-se na Venezuela uma mudança de regime para impor um governo fantoche que não duraria nem 47 horas, que chegaria para entregar a Constituição, a soberania e todas as riquezas, transformando a Venezuela em uma colônia. Simplesmente, isso não vai acontecer", declarou o mandatário em pronunciamento.

O comentário faz referência às mais recentes decisões de Trump, que no dia anterior, ordenou o bloqueio de navios-tanque que transportem petróleo venezuelano, com base em acusações infundadas de suposto "roubo" de petróleo e outros ativos aos EUA, e designou o governo Maduro como uma ''organização terrorista''.
"Não é tempo de corsários"
Ao reafirmar que "jamais a Venezuela será colônia de ninguém", Maduro lembrou que a Constituição do país é clara e que a nação está amparada pelo direito internacional, "porque é ilegal, de acordo com a Carta das Nações Unidas e todos os acordos internacionais, tentar impedir o livre comércio naval nos mares e oceanos do mundo".
"Não é tempo de corsários, patentes de corso ou pirataria. Não. A Venezuela seguirá comercializando todos os seus produtos (…) e seguirá o comércio de ida e volta do nosso petróleo e de todas as nossas riquezas naturais, que pela Constituição, por decreto de [Simón] Bolívar, pertencem […] ao seu único dono legítimo, pelos séculos dos séculos: o soberano povo da Venezuela", afirmou.
Maduro insistiu que o país tem "a razão", mas também "a força política e espiritual", além do "apoio dos povos do mundo diante desta escalada belicista, ilegal, desproporcional e desnecessária", que classificou como parte da chamada "diplomacia da barbárie".
"Não é tempo de barbárie, é tempo de civilização humana, e a Venezuela fará respeitar seus direitos com força, com a verdade e com amor pela paz", concluiu.
''Todos os meios necessários''
Na sequência, Maduro ressaltou que, por mandato constitucional, "o espaço geográfico venezuelano é um espaço de paz, e não poderão ser estabelecidas bases militares estrangeiras nem instalações que tenham, de alguma forma, propósitos militares por parte de qualquer potência ou coalizão de potências".
"Estamos dentro da lei e defenderemos esta Constituição e o nosso povo por todos os meios que forem necessários, para que prevaleçam os direitos históricos irrenunciáveis e inalteráveis desta pátria tão bela", completou.
Agressões dos EUA
- Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou.
- Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.

