O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu nesta quarta-feira (17) em justificar a agressão de seu governo contra a Venezuela, após ordenar na terça-feira (16) um "bloqueio" total para todos os petroleiros sancionados que entram e saem do país sul-americano, uma medida que, segundo Caracas, tem a "verdadeira intenção" de "apropriar-se do petróleo, terras e minerais venezuelanos".
"Eles tomaram nossas terras, nossos direitos de exploração de petróleo, tudo o que tínhamos, porque tínhamos um presidente que talvez não estivesse prestando atenção. Mas eles não vão se safar. Queremos tudo de volta. Eles nos tiraram os direitos de exploração de petróleo. Tínhamos muito petróleo lá. Expulsaram nossas empresas. E nós as queremos de volta", disse Trump durante conversa com jornalistas.
'Bloqueio' na Venezuela
Segundo Trump, esses "direitos energéticos" foram obtidos "ilegalmente".
"Lembrem-se: eles roubaram todos os nossos direitos energéticos. Roubaram todo o nosso petróleo não faz muito tempo e nós o queremos de volta. Eles o tomaram ilegalmente", disse o presidente.
Trump também reconheceu que as recentes ações de seu governo equivalem a um bloqueio contra a Venezuela.
"É simplesmente um bloqueio. Não vamos deixar passar ninguém que não deva", afirmou.
Últimas ações
Na terça-feira (16), Trump intensificou sua agressão contra a Venezuela, afirmando que a nação "está completamente cercada pela Marinha dos EUA" e ordenando "um bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entram e saem" do país sul-americano.
Além disso, o presidente norte-americano designou o governo venezuelano, liderado pelo presidente Nicolás Maduro, como uma "organização terrorista estrangeira".
Em resposta, o governo venezuelano denunciou nesta quarta-feira a tentativa "totalmente irracional" do presidente dos EUA de impor um bloqueio naval e militar ao país com o objetivo de "roubar" suas riquezas, que ele "considera como propriedade sua".
"A Venezuela jamais voltará a ser colônia de qualquer império ou potência estrangeira e continuará, junto com seu povo, no caminho da prosperidade e da defesa inabalável de nossa independência e soberania", declarou o governo.
Agressões dos EUA
- Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou.
- Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.