Falando em nome das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, denunciou nesta quarta-feira (17) o que classificou como "pirataria vulgar" a ordem de "bloqueio naval total de todos os petroleiros sancionados que entram e saem" do país, emitida na véspera pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O ministro classificou as declarações de Trump como "delirantes", ao afirmar que o presidente norte-americano "ameaça insolentemente a nação com ação armada e ordena um suposto bloqueio naval total para confiscar navios que transportam petróleo venezuelano".
"Este acontecimento constitui um ato vulgar de pirataria", disse o ministro, ao acrescentar que as "acusações feitas" por Trump sobre o suposto "roubo" de petróleo, terras e outros bens da Venezuela aos EUA são "fantasiosas e incoerentes" e "completamente falsas".
"Tudo é pelo petróleo"
Segundo o ministro, as acusações "desmascaram a narrativa implausível de combate ao narcoterrorismo", usada por Washington como justificativa para o destacamento militar no Caribe e no Pacífico desde agosto passado.
Ele reiterou que os ataques dos EUA na região têm como objetivo uma mudança de regime na Venezuela, para então se apoderar de seus recursos naturais estratégicos.
"É tudo por causa do petróleo. Isso constitui uma reedição da Doutrina Monroe, que estabelece a dominação neocolonial do hemisfério pelos Estados Unidos", afirmou Padrino López.
Ele ressaltou que as Forças Armadas da Venezuela consideram a ordem de Trump um "ato de agressão" e uma "atitude belicista insana, que coloca em risco não apenas a Venezuela, mas toda a região e a estabilidade energética global".
O ministro reafirmou o compromisso "inabalável" das Forças Armadas "em defender plenamente seu território nacional, bem como seus interesses sagrados", e declarou que "preservará a todo custo o atual sistema constitucional e democrático, assim como a integridade territorial do país, seus direitos legítimos sobre seu espaço aéreo e áreas marítimas, e sua liberdade, soberania, independência e paz".
Agressões dos EUA
Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.