Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, afirmou nesta quarta-feira (17) à Veja que enxerga "com enorme preocupação" as ações mais recentes do governo norte-americano em sua escalada militar no Caribe e provocação à Venezuela.
Washington determinou um bloqueio total a navios petroleiros venezuelanos na terça-feira (16), indicando que classificaria oficialmente o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como uma organização terrorista estrangeira.
O presidente americano, Donald Trump, em publicação na terça, afirmou que o país está cercado "pela maior Armada já reunida na história da América do Sul".
"Os Estados Unidos não permitirão que criminosos, terroristas ou outros países roubem, ameacem ou prejudiquem a nossa nação e, da mesma forma, não permitirão que um regime hostil tome o nosso petróleo, terras ou quaisquer outros bens, os quais devem ser devolvidos aos Estados Unidos IMEDIATAMENTE", disse Trump.
Resposta venezuelana
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, publicou um comunicado na noite de terça, declarando que Trump está "violando o direito internacional do livre comércio" ao determinar um bloqueio "irracional" para roubar os recursos venezuelanos.
"Conclamamos o povo dos Estados Unidos e os povos do mundo a rejeitarem por todos os meios esta ameaça extravagante, que revela mais uma vez as verdadeiras intenções de Donald Trump de roubar as riquezas do país", escreve a nota, antecipando a denúncia da violação pelo embaixador da Venezuela perante à ONU. "A Venezuela jamais voltará a ser colônia de qualquer império ou potência estrangeira".
Agressões dos EUA
- Agressões dos EUA Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
- Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.