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Trump classifica governo Maduro como 'organização terrorista estrangeira'

O presidente também ordenou o bloqueio "total e completo" de "todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela".
Trump classifica governo Maduro como 'organização terrorista estrangeira'Gettyimages.ru / Alex Wong

O presidente dos Estados Unidos, Donald, Trump, afirmou nesta terça-feira (16) que a Venezuela está "completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul". 

''Ela só vai aumentar, e o choque para eles será como nada que já tenham visto — até que devolvam aos Estados Unidos todo Petróleo, Terras e outros Ativos que anteriormente nos roubaram", acrescentou Trump em sua publicação na plataforma Truth Social.

Na sequência, o mandatário anunciou que o governo venezuelano  passa a ser classificado pelos Estados Unidos, a partir de hoje, como uma ''organização terrorista estrangeira''. Para justificar a decisão, ele afirma, sem apresentar provas, que Caracas promoveu o ''roubo'' de ativos norte-americanos, ''tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros''.

''Portanto, hoje, estou ordenando um bloqueio total e completo de todos os petroleiros alvo de sanções que entram e saem da Venezuela'', prosseguiu.

No segmento final da postagem, Trump voltou a repetir alegações sem fundamento, afirmando que Caracas teria enviado "imigrantes ilegais e criminosos" aos EUA. Segundo ele, a Casa Branca "não permitirá que criminosos, terroristas ou outros países roubem, ameacem ou prejudiquem" os EUA, nem que "um 'regime hostil'" tome posse de petróleo que reivindica como seu, embora esteja em território venezuelano.

''Não vamos nos render''

Mais cedo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reiterou que, apesar da prolongada agressão dos Estados Unidos, seu país derrotará "a oligarquia e o imperialismo em qualquer circunstância".

"A Venezuela tem denunciado, enfrentado e derrotado, por 25 semanas, uma campanha de agressão multidimensional que vai desde o terrorismo psicológico até a pirataria dos corsários que atacaram nosso petróleo e que se manifesta de múltiplas formas. O que demonstramos? (…). Que Venezuela é um país forte, que possui poder real. E mostramos que estamos preparados para seguir nossa marcha. E mais: estamos preparados para acelerar a marcha de uma revolução profunda que entregue o poder ao povo, completa e definitivamente", assegurou Maduro em um pronunciamento televisionado.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, reforçou na última sexta-feira (12) que Caracas não abrirá mão, sob nenhuma circunstância, à defesa de sua soberania.

"O governo dos EUA deve saber que não vamos nos render. É uma impossibilidade histórica para nós nos rendermos, depois das lições de história que temos, que nos foram dadas por nossos libertadores e libertadoras", declarou López em discurso televisionado.

Agressões dos EUA

  • Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
  • Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
  • Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como RússiaColômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.