Na segunda-feira, Marat Berdyev, embaixador-geral do Ministério das Relações Exteriores da Rússia em questões do G20, comunicou que a Rússia está "completamente impressionada" com a presidência brasileira do G20, que tem como seu principal norte a "reforma das instituições econômicas globais".
Para o representante, as reformas defendidas pelo Brasil, sintetizadas na escolha do lema "construindo um mundo justo e um planeta sustentável", representam o oposto da "ordem baseada em regras" promovida pelo Ocidente, que tradicionalmente condiciona a garantia de empréstimos e outros benefícios às reformas estruturais, juros elevados ou outras medidas impositivas.
''É claro que já é hora de acabar com o domínio ocidental nos secretariados de várias estruturas internacionais" e com a "série de privilégios" desfrutados por esses países, declarou Berdyev, acrescentando que "isto não é consistente com as necessidades do mundo multipolar".
''No ano passado, durante a presidência indiana, o G20 formulou claramente o objetivo de tal reforma: elevar a voz dos países em desenvolvimento e dar-lhes uma alavanca adicional para defender os seus interesses. É hora de realizar seus planos'', concluiu o embaixador.
Presidência brasileira do G20
Em dezembro de 2023, o Brasil assumiu, pela primeira vez, a presidência rotativa do G20 - um fórum que nasceu em 1999, após uma sequência de crises econômicas, para reunir representantes de países industrializados e emergentes e discutir questões econômicas e financeiras mundiais.
Os representantes brasileiros posicionaram como prioritárias as pautas da "reforma da governança global, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e o combate à fome, pobreza e desigualdade".
O presidente brasileiro Lula da Silva é um crítico de instituições econômicas como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. "Essas instituições vão servir para financiar o desenvolvimento dos países pobres ou vão continuar existindo para sufocar os países pobres?", questionou o mandatário em uma coletiva de imprensa na capital etíope de Adis Ababa em fevereiro.
''Esse dinheiro, ao invés de voltar para a instituição que emprestou, pode ser direcionado para a construção de uma ferrovia, de uma rodovia, de uma hidrelétrica, de uma termelétrica, de uma universidade, de uma instituição de pesquisa. Ou seja, vá para alguma coisa que significa desenvolvimento para o continente africano", concluiu o presidente na ocasião, sugerindo que dívidas impagáveis dos países africanos sejam convertidos em ativos de desenvolvimento.
Desde dezembro, as articulações de Brasília no contexto da presidência do G20 foram realizadas através de uma série de reuniões. É o caso, por exemplo, do encontro de chanceleres que foi realizado em fevereiro no Rio de Janeiro.
Nos dias 18 e 19 de novembro, a capital carioca também receberá, em seu Museu de Arte Moderna, a 19.ª reunião de cúpula do G20, que deve contar com a presença de diversos líderes mundiais. Pela primeira vez, a União Africana terá um assento reservado no evento.