Quem é José Antonio Kast, o ultraconservador que assume a presidência do Chile em 2026

José Antonio Kast, advogado ultraconservador de 59 anos, venceu a eleição presidencial no Chile em sua terceira tentativa e passa a integrar a onda de líderes da direita conservadora que têm chegado ao poder na América Latina.

Em 11 de março, Kast receberá a faixa do presidente progressista Gabriel Boric e iniciará um mandato que se estende até 2030. O novo presidente mantém relação próxima com o argentino Javier Milei e com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

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A vitória expressiva de Kast, antecipada por todas as pesquisas, marca o ponto mais alto de uma carreira iniciada em 1996 como vereador na comuna de Buin. Em 2002, elegeu-se deputado e permaneceu por 16 anos consecutivos na Câmara, impulsionado por sucessivas reeleições.

Grande parte de sua trajetória ocorreu na conservadora União Democrata Independente (UDI), mas divergências internas o levaram a deixar o partido em 2016. No ano seguinte, fez sua primeira tentativa presidencial, derrotada por Sebastián Piñera.

Histórico familiar e político

Um dos pontos mais controversos da trajetória de Kast é o passado de militância nazista de seu pai, Michael Kast Schindele, que integrou o partido de Adolf Hitler, combateu na Segunda Guerra Mundial e, após a derrota alemã, imigrou para o Chile em 1950. Michael apoiou a ditadura de Augusto Pinochet, assim como seus filhos e outros familiares, que ocuparam cargos públicos relevantes.

José Antonio Kast defende publicamente Pinochet e afirmou em sua primeira campanha: "Se Pinochet estivesse vivo, votaria em mim". A família Kast se consolidou como parte da elite política chilena: Pablo Kast Sommerhoff foi deputado; Felipe Kast Sommerhoff, ministro e atualmente senador; Tomás Kast Sommerhoff foi eleito deputado; e José Antonio Kast Adriasola, filho do presidente eleito, também assumirá uma cadeira na Câmara.

Propostas de governo

Na campanha de 2021, Kast defendeu propostas como testes antidrogas para políticos, o fim do aborto nos casos hoje permitidos por lei e a substituição do Ministério da Mulher pelo Ministério da Família e Desenvolvimento Social. Na disputa de 2025, essas pautas foram retiradas, numa tentativa de sinalizar moderação.

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Entre as promessas centrais estão medidas de segurança pública. O chamado "Plano Implacável" prevê prisão sem benefícios e monitoramento integral de criminosos, enquanto o "Plano Cancerbero" propõe a construção de presídios de segurança máxima. Já o "Plano Barrido" busca eliminar o comércio ambulante, classificado por Kast como “crime estrutural”.

Migração sob controle

A política migratória foi um dos eixos centrais da campanha. O plano "Escudo Fronterizo" propõe um sistema de contenção física e tecnológica, com muros de cinco metros, sensores de movimento, drones, cercas eletrificadas e patrulhamento permanente.

Kast anunciou que imigrantes em situação irregular deverão deixar o país até 11 de março, sob risco de deportação em massa. Inspirado no modelo do presidente dos EUA, Donald Trump, o presidente eleito planeja o controle total da fronteira norte com 3 mil militares e agentes de segurança, com operações sob a alçada da Justiça militar.

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Imigrantes sem documentação perderão acesso a programas sociais, à educação pública e a serviços de saúde, exceto em situações de emergência. Organizações que dificultarem deportações poderão ser multadas, assim como empresas que empregarem migrantes irregulares. Caso países vizinhos se recusem a receber deportados, o Chile promete adotar retaliações econômicas e diplomáticas.

Política externa e apoio a Israel

A política externa de José Antonio Kast, presidente-eleito do Chile, prioriza alinhamento automático com governos conservadores e oposição a governos de esquerda na América Latina.

Entre suas pautas internacionais, destaca-se o apoio a Israel, com críticas às posições do governo que condenava os massacres de Israel contra os palestinos em gaza.

Kast visa estreitar laços com os Estados Unidos e fortalecer a Aliança do Pacífico, aproximando-se de líderes de direita na região, enquanto mantém relações institucionais com governos ideologicamente distantes, reforçando uma orientação sua conservadora.

• Com José Antonio Kast, o Chile inicia um governo ultraconservador, com foco em segurança pública, endurecimento da política migratória e fortalecimento de pautas do conservadorismo familiar, consolidando um reposicionamento no cenário político latino-americano e alinhamento automático com EUA e Israel em sua política externa.