O ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden arrecadou apenas uma fração dos recursos necessários para construir uma biblioteca presidencial, o que gera incertezas sobre o cronograma e até sobre a viabilidade de um projeto independente. As informações constam em registros públicos e foram divulgadas pelo jornal The New York Times no sábado (13).
De acordo com documentos enviados ao Fisco americano, a fundação da biblioteca de Biden informou que espera arrecadar, até o fim de 2027, apenas 11,3 milhões de dólares (R$ 61 milhões). O valor está muito abaixo do padrão de bibliotecas presidenciais recentes e distante da meta informal de 200 milhões de dólares (R$ 1 bilhão) mencionada por auxiliares do ex-presidente.
Os registros mostram ainda que a fundação não recebeu novas doações em 2024, último ano do mandato de Biden. Os únicos recursos iniciais foram 4 milhões de dólares (R$ 21 milhões) remanescentes do comitê de posse presidencial de 2021. A entidade afirmou que Biden só agora começou a se envolver ativamente na captação.
A arrecadação limitada tem levado aliados a discutir alternativas, como a possibilidade de integrar a futura biblioteca a estruturas já existentes na Universidade de Delaware, onde Biden se formou.
A instituição mantém o Joseph R. Biden Jr. School of Public Policy and Administration e planeja construir o chamado "Biden Hall", projeto que já reuniu pelo menos 22 milhões de dólares (R$ 119 milhões), incluindo recursos do governo estadual.
Apesar disso, alguns dos principais doadores históricos do Partido Democrata afirmaram não ter sido procurados ou demonstraram resistência em contribuir. John Morgan, um dos maiores arrecadadores de campanha de Biden no passado, disse que não pretende doar para a biblioteca.
"Ele terá sorte se conseguir um bibliomóvel", afirmou, em declaração ao New York Times.
Auxiliares de Biden não o disponibilizaram para entrevista. Em nota, a fundação declarou que optou por adiar eventos de arrecadação para realizar pesquisas e visitas a outras bibliotecas presidenciais, além de citar compromissos pessoais do ex-presidente, como o trabalho em seu livro de memórias.
Bibliotecas presidenciais modernas costumam exigir centenas de milhões de dólares, bancados majoritariamente por doações privadas. Como comparação, o ex-presidente Barack Obama já arrecadou cerca de 1,5 bilhão de dólares (R$ 8 bilhões) para seu centro presidencial, enquanto Donald Trump afirma buscar mais de 950 milhões de dólares (R$ 5 bilhões)para um projeto em Miami.