
Uma 'solução coreana' para a Ucrânia jamais foi discutida, declara assessor do Kremlin

A "solução coreana" para o congelamento do conflito na Ucrânia não foi discutida nas negociações entre a Rússia e os Estados Unidos, afirmou o assessor presidencial para Assuntos Externos, Yuri Ushakov, em um comentário ao jornalista russo Pavel Zarubin, publicado neste domingo (14).

Segundo o assessor, as partes discutiram várias opções relacionadas a uma "solução de longo prazo", mas a questão do congelamento do conflito seguindo o modelo do armistício da Guerra da Coreia de 1953 não foi abordada.
Ele acrescentou que as propostas territoriais apresentadas na minuta de acordo pacífico pela Ucrânia e pela Europa são "totalmente inaceitáveis" para Moscou, indicando que Washington "não só conhece, como também entende" a posição russa.
O que é a "variante coreana"?
Segundo a mídia ocidental, como publicado em artigo de opinião pelo veículo de imprensa The Washington Post na terça-feira (9), as partes envolvidas no conflito ucraniano estão considerando um modelo de congelamento do conflito inspirado no cenário da Coreia. Essa opção envolve a criação de uma zona desmilitarizada, semelhante à estabelecida após o armistício da Guerra da Coreia ao longo do paralelo 38.
Segundo a publicação, essa zona desmilitarizada se estenderia por toda a linha de frente, da República Popular de Donetsk, no nordeste, até as províncias de Zaporizhie e Kherson, no sul. Além dessa demarcação, haveria uma zona tampão mais ampla, onde o posicionamento de armamento pesado seria proibido.
Moscou busca uma paz duradoura
O porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, afirmou na sexta-feira (12) que a Rússia busca uma solução de longo prazo para o conflito ucraniano.
"Precisamos de paz: garantida, duradoura, compreendida por todos e respaldada por garantias confiáveis. É isso que queremos", disse o porta-voz.
Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou repetidamente que a Rússia está pronta para o diálogo e um acordo, mas insistiu na necessidade de abordar as causas profundas do conflito, como a expansão da OTAN e a discriminação contra falantes de russo na Ucrânia.
A proposta de Moscou exige a retirada completa das tropas de Kiev das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, bem como das províncias de Zaporozhie e Kherson, incorporadas à Rússia após referendos populares em 2022. Também é pautado o reconhecimento desses territórios, juntamente com a Crimeia e Sebastopol, como partes integrantes da Federação Russa.
As autoridades russas também prezam pela garantia de neutralidade da Ucrânia, assegurada pelo não-alinhamento ao Ocidente, sua desnuclearização, desmilitarização e desnazificação.

