
Foguete comercial sul-coreano será lançado do Brasil e pode reposicionar Alcântara no setor espacial

O Brasil deve realizar, nos próximos dias, o primeiro voo orbital de um foguete lançado a partir do território nacional, colocando em operação a base de Alcântara, no Maranhão, como ponto estratégico para missões comerciais no setor espacial.
Segundo informações da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgadas na última sexta-feira (12), a missão, conduzida pela empresa sul-coreana Innospace prevê o lançamento do foguete HANBIT-Nano entre os dias 17 e 22 de dezembro.
O foguete da Innospace será lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), e marca o primeiro lançamento comercial feito a partir do território nacional.
O objetivo é colocar em órbita cinco satélites e três experimentos tecnológicos, desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia. A missão, batizada de Spaceward, marca a estreia do país no mercado de lançamentos comerciais.

Com 21,9 metros de altura e 20 toneladas, o HANBIT-Nano pode atingir velocidades superiores a 30 mil km/h. O projeto utiliza propulsão híbrida e será executado em dois estágios. A operação poderá ser observada a olho nu nos céus de Alcântara e parte de São Luís. A estrutura do foguete é dividida entre sistemas de propulsão, módulo de separação e coifa que protege os equipamentos até o momento do desacoplamento em órbita.
O CLA foi construído em 1983 e é considerado um dos locais mais vantajosos do mundo para lançamentos espaciais, por estar a apenas 250 km da linha do Equador. Essa localização permite economizar combustível e acelerar a chegada à órbita. O centro também possui baixa interferência de tráfego aéreo e marítimo, além de clima estável e previsível.
A missão pode simbolizar o início de uma nova fase para o programa espacial brasileiro. Com a entrada no mercado comercial, o governo projeta usar a base para atrair novos contratos e gerar receita com serviços de lançamento. Uma empresa estatal, a Alada, foi criada neste ano, 2025, para intermediar as parcerias comerciais com empresas do setor aeroespacial.

Entre as cargas úteis da missão estão o satélite ambiental Jussara-K, desenvolvido por universidades brasileiras; dois satélites de comunicação em órbita criados em Santa Catarina; e um experimento com mensagens gravadas por estudantes de Alcântara. Um dos dispositivos, construído pela Índia, será usado para monitorar fenômenos solares com impacto direto em comunicações e sistemas de navegação.
O voo da Innospace ocorre mais de 20 anos após o acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS), que interrompeu o avanço do país no segmento e deixou 21 mortos. Agora, a aposta é que Alcântara se transforme em um polo competitivo para lançamentos orbitais de pequenas e médias cargas.
