Notícias

Brasil inaugura primeiro centro de refino de terras raras no interior de Minas

Unidade em Poços de Caldas processa argilas ricas em minerais estratégicos para novas tecnologias.
Brasil inaugura primeiro centro de refino de terras raras no interior de MinasReprodução/Divulgação/Meteoric Resources

Em uma movimentação inédita no setor mineral brasileiro, o país inaugurou seu primeiro laboratório voltado exclusivamente à extração de terras raras, abrindo caminho para a industrialização de minérios estratégicos no Sul de Minas. As informações foram divulgadas pelo portal g1.

O centro, instalado pela mineradora australiana Meteoric Resources, é classificado como uma planta piloto e tem como objetivo testar processos industriais que poderão ser utilizados futuramente na exploração de uma extensa jazida localizada na mesma região.

O investimento inicial foi de US$ 1,5 milhão (aproximadamente R$ 7,5 milhões) e o laboratório já obteve licença ambiental específica para funcionamento em pequena escala, segundo a empresa informou ao portal.

A unidade tem capacidade para processar até 500 quilos de carbonato misto de terras raras por ano. Esse tipo de composto é extraído a partir de argilas ricas em minerais estratégicos usados em tecnologias como motores de carros elétricos, turbinas eólicas, dispositivos eletrônicos e equipamentos médicos.

De acordo com a Meteoric, a planta funcionará como um campo de testes para aperfeiçoar o uso de reagentes, otimizar o reaproveitamento de água e calibrar a operação de extração mineral em ambiente controlado. O objetivo é reunir dados técnicos e operacionais antes de instalar a planta definitiva do chamado Projeto Caldeira, previsto para o município vizinho de Caldas.

A produção atual é baseada em amostras previamente coletadas durante os estudos geológicos da área, e o processo gera aproximadamente 2 quilos de concentrado por dia, dos quais mais da metade corresponde a óxidos de terras raras. O material, segundo a empresa, passa por monitoramento contínuo quanto à radioatividade, com certificações já obtidas junto à Agência Nacional de Segurança Nuclear.

Apesar do avanço representado pela inauguração do laboratório, a etapa de exploração em larga escala ainda depende de aprovação no Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam). O processo de licenciamento foi adiado duas vezes, uma delas após recomendações do Ministério Público Federal, que solicitou informações sobre riscos ambientais e impactos sociais da atividade mineradora.

A região onde está sendo desenvolvido o projeto é considerada uma das maiores reservas de terras raras do planeta. A cratera vulcânica de Poços de Caldas, que abrange municípios em Minas Gerais e São Paulo, pode conter até 300 milhões de toneladas desses minérios, de acordo com estimativas geológicas. A jazida tem potencial para suprir até 20% da demanda mundial por terras raras, atraindo o interesse de empresas nacionais e estrangeiras.

Além da Meteoric, outras mineradoras aguardam autorizações para operar na área. Entre 2023 e 2024, mais de cem pedidos de pesquisa sobre terras raras foram protocolados junto à Agência Nacional de Mineração, concentrando em Poços de Caldas e entorno cerca de um terço das autorizações concedidas para o estado de Minas Gerais no período.