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UE pode enfrentar cenário distópico e caótico no estilo 'Robocop' devido aos avanços da IA

Documento da polícia europeia alerta que, até 2035, o bloco poderá enfrentar fortes tensões sociais, impulsionadas pelo desemprego e pelo uso crescente de tecnologias avançadas.
UE pode enfrentar cenário distópico e caótico no estilo 'Robocop' devido aos avanços da IADonald Iain Smith / AP

A União Europeia pode caminhar para um futuro distópico que lembra o universo do filme "Robocop". É o que alerta um relatório da Europol, a Agência Europeia de Polícia, que descreve um cenário de profundas tensões sociais causadas pela automação do trabalho e pela inteligência artificial (IA), ao mesmo tempo em que o crime organizado se apropria dessas tecnologias para ampliar o caos e suas atividades ilícitas.

Tensões sociais fora de controle

O documento, com 48 páginas, projeta que, em 2035, robôs farão parte do cotidiano europeu e substituirão gradualmente seres humanos em tarefas rotineiras, como patrulhamento e controle do tráfego.

Segundo o relatório, esse processo pode gerar forte ressentimento entre trabalhadores desempregados, levando a protestos e manifestações nas ruas. Em um ambiente já instável, falhas pontuais no funcionamento desses sistemas automatizados tenderiam a ganhar grandes proporções, se transformando em escândalos nacionais e agravando ainda mais o clima social.

Uso massivo de drones por criminosos

A Europol também alerta que organizações criminosas e cibercriminosos devem explorar cada vez mais os avanços da inteligência artificial. "No futuro, as capacidades empáticas dos robôs sociais poderão ser abusadas por atores criminosos e terroristas para uma variedade de atividades maliciosas", aponta o relatório.

Em um cenário extremo, grupos terroristas poderiam empregar tecnologias oriundas do conflito na Ucrânia para lançar ataques com centenas de pequenos drones do tipo quadricóptero. Esses dispositivos poderiam ser usados para sabotar sistemas de energia e abastecimento de água ou até para facilitar fugas de prisioneiros. Para enfrentar esse tipo de ameaça, o relatório menciona que agentes de segurança poderiam recorrer a equipamentos como "pistolas congeladoras robóticas" e "granadas de nanorrede".

Um futuro plausível?

O estudo se baseia em dados que indicam uma tendência crescente do uso de drones por criminosos, seja para contrabando de mercadorias ilegais, vigilância de laboratórios de drogas ou ataques diretos contra forças de segurança e grupos rivais.

Especialistas ouvidos pelo The Daily Telegraph consideraram algumas projeções exageradas, as comparando a roteiros de ficção científica. "Não vejo um Robocop patrulhando nossas ruas. Simplesmente não acredito que robôs vão eliminar empregos dessa forma", afirmou Denis Niezgoda, diretor comercial da Locus Robotics. Ele reconhece, no entanto, que a disseminação do uso de drones pelo crime organizado é um risco real, devido ao baixo custo e à facilidade de operação desses equipamentos.

Um porta-voz da Europol ressaltou que o objetivo do relatório não é prever o futuro de forma literal, mas "antecipar cenários plausíveis" para que autoridades possam, desde já, tomar decisões mais informadas e se preparar para possíveis desafios.