Cientistas criam técnica que transforma atividade cerebral em frases

Um grupo de pesquisadores desenvolveu uma técnica experimental chamada mind captioning, que tenta converter em texto simples o que uma pessoa vê ou recorda. O estudo foi publicado nesta sexta-feira (12) na revista Science Advances.

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No experimento, seis voluntários ficaram deitados em um aparelho de ressonância magnética enquanto assistiam a clipes curtos. Com base nos padrões de atividade cerebral, um sistema treinado com modelos de inteligência artificial (IA) da OpenAI, como ChatGPT 4o mini e 3.5, tentava gerar frases que descrevessem as cenas.

Para cada participante, os cientistas criaram um decodificador individual que relacionava a atividade cerebral ao significado de sentenças previamente definidas pelos pesquisadores, como "um menino acaricia um cachorro no quintal".

A partir dessa representação, outro modelo ajustava repetidamente a frase proposta até que ela se aproximasse do conteúdo visto pela pessoa.

Descobertas iniciais

Os resultados ainda estão longe de serem perfeitos. O sistema às vezes confunde detalhes, como chamar um cachorro de "lobo", mas costuma preservar a estrutura geral da cena, incluindo ações e relações entre elementos.

O grupo também testou a técnica durante o recall, quando os voluntários apenas se lembravam mentalmente das cenas, sem imagens na tela. As descrições geradas foram menos precisas, mas ainda se aproximaram mais do vídeo lembrado do que de outros aleatórios, indicando que o método consegue captar aspectos da memória e não só estímulos visuais imediatos.

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A análise mostrou que o decodificador funciona mesmo excluindo áreas clássicas da linguagem, sugerindo que regiões visuais de alto nível e partes do córtex parietal carregam informações ricas sobre o significado das cenas.

Os pesquisadores afirmam que o mind captioning pode ajudar a entender como o cérebro representa eventos complexos e, futuramente, apoiar tecnologias de comunicação assistida para pessoas que não conseguem falar. Eles reforçam que a técnica não "lê pensamentos escondidos", apenas traduz padrões cerebrais em descrições básicas, algo possível graças ao avanço recente da IA e da neuroimagem.