O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, alertou nesta sexta-feira (12) a suposta intenção do governo dos Estados Unidos de "interferir nas eleições" de seu país, devido às visitas recorrentes de políticos colombianos a Washington.
"Já conhecemos o mecanismo em dólares", escreveu Petro em suas redes sociais. Ele reafirmou seu compromisso na garantia de eleições democráticas, enquanto suplicou ao povo colombiano que mantenha o espírito e "grite Colômbia Livre".
Seu comentário é uma resposta direta à viagem aos EUA do governador de Antioquia, Andrés Julián Rendón, que informou que cumprirá uma "agenda de trabalho" a convite do governo americano.
"Estarei dois dias em reuniões com autoridades americanas e também fui convidado como palestrante na Escola Interamericana de Defesa e no Atlantic Council (think tank dos EUA)", afirmou Rendón.
Aumento das tensões
As declarações atravessam o contexto de crescente conflito entre Washington e Bogotá, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, redobrou suas ameaças contra a gestão de Petro.
Trump ameaçou o presidente colombiano na quarta-feira (10), alegando que ele tem sido bastante "hostil" com os EUA. "Espero que ele me ouça. Ele será o próximo", afirmou o presidente americano.
Petro tem sido uma das vozes mais críticas aos bombardeios americanos nas águas do Caribe e do Pacífico, que deixaram um saldo mortal de mais de 80 civis.
Ele enfatizou na quinta-feira (11) que a verdadeira razão por trás das hostilidades de Washington no Caribe e no Pacífico, com sua escalada militar unilateral sob declarações de combate ao narcotráfico, tem a ver com o acesso ao petróleo da Venezuela.
"Acabaram de apreender um navio — é pirataria, um petroleiro, é petróleo — em outras palavras, estão demonstrando por que fazem o que fazem", declarou Petro durante a 2ª Cúpula dos Povos do Caribe Ocidental em San Andrés, Colômbia, em referência ao sequestro de navio que transportava petróleo venezuelano na costa do Caribe. "Petróleo, petróleo e petróleo", afirmou.
Agressões dos EUA
- Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.