
Petro denuncia que os EUA querem 'interferir nas eleições da Colômbia'

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, alertou nesta sexta-feira (12) a suposta intenção do governo dos Estados Unidos de "interferir nas eleições" de seu país, devido às visitas recorrentes de políticos colombianos a Washington.
La presencia de mandatarios regionales en EEUU tiene que ver con la decisión del gobierno de los EEUU de entrar en las elecciones de Colombia.Mal.Ya sabemos el mecanismo en dólares. Así que el presidente de Colombia debe garantizar elecciones libres en Colombia y solicita a… https://t.co/Z9AKzk0J4d
— Gustavo Petro (@petrogustavo) December 12, 2025
"Já conhecemos o mecanismo em dólares", escreveu Petro em suas redes sociais. Ele reafirmou seu compromisso na garantia de eleições democráticas, enquanto suplicou ao povo colombiano que mantenha o espírito e "grite Colômbia Livre".
Seu comentário é uma resposta direta à viagem aos EUA do governador de Antioquia, Andrés Julián Rendón, que informou que cumprirá uma "agenda de trabalho" a convite do governo americano.
"Estarei dois dias em reuniões com autoridades americanas e também fui convidado como palestrante na Escola Interamericana de Defesa e no Atlantic Council (think tank dos EUA)", afirmou Rendón.
Aumento das tensões
As declarações atravessam o contexto de crescente conflito entre Washington e Bogotá, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, redobrou suas ameaças contra a gestão de Petro.

Trump ameaçou o presidente colombiano na quarta-feira (10), alegando que ele tem sido bastante "hostil" com os EUA. "Espero que ele me ouça. Ele será o próximo", afirmou o presidente americano.
Petro tem sido uma das vozes mais críticas aos bombardeios americanos nas águas do Caribe e do Pacífico, que deixaram um saldo mortal de mais de 80 civis.
Ele enfatizou na quinta-feira (11) que a verdadeira razão por trás das hostilidades de Washington no Caribe e no Pacífico, com sua escalada militar unilateral sob declarações de combate ao narcotráfico, tem a ver com o acesso ao petróleo da Venezuela.
"Acabaram de apreender um navio — é pirataria, um petroleiro, é petróleo — em outras palavras, estão demonstrando por que fazem o que fazem", declarou Petro durante a 2ª Cúpula dos Povos do Caribe Ocidental em San Andrés, Colômbia, em referência ao sequestro de navio que transportava petróleo venezuelano na costa do Caribe. "Petróleo, petróleo e petróleo", afirmou.
Agressões dos EUA
- Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.
