Terapia inédita no Brasil alcança alta taxa de remissão em leucemias e linfomas avançados

O Brasil atingiu um marco na oncologia ao produzir e aplicar, pela primeira vez, uma terapia celular CAR-T inteiramente no país, com resultados promissores. O estudo CARTHIAE, conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, financiado pelo Ministério da Saúde via PROADI-SUS e aprovado pela Anvisa, é o primeiro ensaio clínico nacional com CAR-T, informou o g1 na quinta-feira (11).
Entre 11 pacientes com linfomas e leucemias refratárias, a taxa de resposta foi de 81% e remissão completa de 72%. A fabricação ocorreu no próprio hospital, no modelo point-of-care, reduzindo tempo e custos.
A CAR-T é uma imunoterapia personalizada em que células T do paciente são modificadas para atacar o tumor. No país, o acesso sempre foi limitado por versões importadas que chegam a R$ 2 milhões. A produção local busca contornar essa barreira. No estudo, o intervalo entre coleta e infusão foi de 22 dias, com fabricação de 100%.
Os efeitos adversos observados — febre, inflamação e alterações neurológicas temporárias — foram compatíveis com o perfil da terapia e controlados.
Segundo o hematologista Nelson Hamerschlak, o avanço pode viabilizar um programa nacional de CAR-T, com centros cooperativos. USP Ribeirão Preto, Fiocruz/INCA, Butantan e Mandacaru discutem parcerias.
A fase II está prevista para 2026–2027. Outra frente, apoiada pelo Pronon, desenvolve um vetor viral brasileiro para terapias contra mieloma múltiplo, etapa necessária para uma CAR-T totalmente nacionalizada.
Sobre oferta no SUS, o Ministério da Saúde informou ao g1 que ainda não há previsão; a incorporação depende de registro na Anvisa e avaliação da Conitec.
