O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, comentou nesta quinta-feira (11) a apreensão de um petroleiro pelos Estados Unidos na costa da Venezuela, anunciada na quarta-feira (10) por Donald Trump. O mandatário colombiano acredita que o verdadeiro motivo por trás da agressão de Washington no Caribe é o petróleo.
"Eles acabaram de apreender um navio; é pirataria. É um petroleiro. É petróleo. Em outras palavras, estão demonstrando por que estão fazendo o que estão fazendo. Petróleo, petróleo e mais petróleo", declarou Petro.
'A máscara deles caiu'
Nicolás Maduro também afirmou nesta quinta-feira (11) que Washington usou o argumento da suposta luta contra o narcotráfico como desculpa para confiscar o petróleo bruto da Venezuela. "Ontem a máscara deles caiu", declarou o presidente venezuelano. "Não são os hospícios, 'fake news'. Não, não é o Trem de Aragua, 'notícias falsas'. Não, não é o narcotráfico, 'fake news'. Não. É o petróleo, que eles querem roubar", afirmou.
O presidente indicou que as autoridades americanas cometeram "um ato absolutamente criminoso e ilegal" ao realizarem um ataque militar, sequestro e roubo como piratas do Caribe contra uma embarcação mercante, comercial, civil e privada — uma embarcação de paz.
'Roubo e pirataria'
Na quarta-feira (10), Donald Trump anunciou a apreensão de um petroleiro na costa da Venezuela e revelou que Washington pretende confiscar o petróleo que a embarcação transportava.
A apreensão foi categoricamente repudiada na quarta-feira (10) pelo governo da Venezuela, que em um comunicado classificou o ocorrido como "um roubo descarado e um ato de pirataria internacional", ao mesmo tempo em que lembrou que não se trata de um assunto inédito; em 2024, Trump expressou abertamente seus desejos sobre o petróleo venezuelano "sem pagar nenhuma contrapartida em troca".
"Nestas circunstâncias, ficaram finalmente expostas as verdadeiras razões da agressão prolongada contra a Venezuela. Não é a migração. Não é o narcotráfico. Não é a democracia. Não são os direitos humanos. Sempre se tratou das nossas riquezas naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano", denunciou Caracas.
Reações
O governo cubano e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) emitiram declarações semelhantes às expressas pelas autoridades venezuelanas. O Ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, condenou em comunicado o "ato vil de pirataria e a apreensão, pelas forças militares daquele país, de um navio que transportava petróleo venezuelano, o que contraria as regras do livre comércio e da liberdade de navegação, em flagrante violação do direito internacional".
Por sua vez, a ALBA endossou a declaração de Rodríguez e enfatizou que "este ato constitui uma gravíssima violação do Direito Internacional e um ataque direto à soberania da República Bolivariana da Venezuela", enquanto a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, reiterou que a posição de seu governo não mudou.
"O México sempre defenderá a autodeterminação dos povos, a não invasão, a não interferência e o direito dos povos de terem os governos que eles mesmos escolhem", disse ela nesta quinta-feira em sua coletiva de imprensa.
Putin expressa apoio a Maduro
O presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, para expressar seu apoio. "Vladimir Putin expressou sua solidariedade ao povo venezuelano e reafirmou seu apoio à linha de ação adotada pelo governo de Nicolás Maduro, que visa defender os interesses nacionais e a soberania sob crescente pressão externa", declarou o Kremlin.
Agressões dos EUA
Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.