
'Não à guerra pelo petróleo! Não ao sangue pelo petróleo!', diz Maduro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou nesta quinta-feira (11) seu apelo à união entre os povos do continente para "amarrar as mãos dos belicistas" e impedir o início de um conflito armado pelo controle do petróleo, recurso do qual seu país possui as maiores reservas do mundo.

"O povo dos Estados Unidos, o povo da Venezuela e os povos da nossa América devem se unir para conquistar a paz , amarrar as mãos dos belicistas e derrotar os planos para uma guerra insana. Não à guerra pelo petróleo! Não ao derramamento de sangue pelo petróleo! ", declarou o presidente em um bairro operário de Caracas.
Para reforçar seu apelo, o mandatário venezuelano afirmou que não se trata de sua opinião, mas sim "do que dizem as faixas, os slogans e as canções dos EUA. 70% da opinião pública americana diz isso, que é contra o assassinato de barqueiros no Caribe, que é totalmente contra a escalada militarista, extremista e supremacista" da Casa Branca.
O 'destino' dos povos dos Estados Unidos e Venezuela
Para Maduro, os povos americano e venezuelano têm apenas um destino possível: "amizade e paz", embora com respeito à soberania que, apesar de conquistada por meio de seus respectivos processos revolucionários, deu origem a identidades distintas.
"O destino dos povos dos EUA e da Venezuela deve ser a amizade e a paz. Nós estamos no norte da América do Sul, eles estão na América do Norte. Somos sul-americanos, com raízes profundas, identidade própria e um povo glorioso que fez a grande revolução sul-americana: o povo de Simón Bolívar", afirmou.
Em sua visão, embora ambas as revoluções fossem "anticoloniais", a revolução do Norte, que deu origem aos Estados Unidos contemporâneos, não era "antiescravagista", e essa distinção continua a ser expressa até hoje. Apesar disso, ele enfatizou que as duas nações podem abraçar suas diferenças e cooperar.
"Portanto, o destino de nossos países — e sei que o povo americano sabe disso — o destino da Venezuela e dos Estados Unidos deve ser o respeito, a amizade e a cooperação. E o povo americano deve impedir que os setores extremistas, supremacistas e belicistas que querem levar a juventude dos Estados Unidos a uma nova guerra sem fim, desta vez na América do Sul, ajam livremente", concluiu.
Agressões dos EUA
Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou.
Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.

