
Maduro: 'A máscara deles caiu, o narcotráfico é fake news; o que eles querem roubar é o petróleo'

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comentou nesta quinta-feira (11) sobre a apreensão de um petroleiro pelos Estados Unidos na costa da Venezuela, afirmando que Washington usou o pretexto do combate ao narcotráfico como desculpa para confiscar o petróleo bruto de seu país.
"Ontem a máscara deles caiu", declarou Maduro. "Não são os hospícios, 'fake news'. Não, não é o Tren de Aragua, 'notícias falsas'. Não, não é o narcotráfico, 'notícias falsas'. Não. É o petróleo que eles querem roubar, e a Venezuela defenderá sua soberania sobre seus recursos naturais, e triunfaremos novamente", afirmou. "A vitória nos pertence hoje, amanhã e para sempre. 'Victory Forever'", declarou.

O presidente afirmou que as autoridades americanas cometeram "um ato absolutamente criminoso e ilegal" ao realizarem um ataque militar, sequestro e roubo — como "Piratas do Caribe" — contra uma embarcação mercante, comercial, civil, privada, uma embarcação de paz.
O mandatário venezuelano condenou a apreensão do petroleiro, afirmando que, com esse ato, os EUA "inauguraram uma nova era, a era da pirataria naval criminosa no Caribe". Nesse contexto, ele prometeu que a Venezuela tomaria medidas legais e diplomáticas contra Washington e recorreria a outras medidas para garantir a segurança de todas as suas embarcações, com o objetivo de assegurar o livre comércio do petróleo venezuelano em todo o mundo.
'Roubo e pirataria'
Na quarta-feira (10), Donald Trump anunciou a apreensão de um petroleiro na costa da Venezuela e revelou que Washington pretende confiscar o petróleo que a embarcação transportava.
A apreensão foi categoricamente repudiada na quarta-feira (10) pelo governo da Venezuela, que em um comunicado classificou o ocorrido como "um roubo descarado e um ato de pirataria internacional", ao mesmo tempo em que lembrou que não se trata de um assunto inédito; em 2024, Trump expressou abertamente seus desejos sobre o petróleo venezuelano "sem pagar nenhuma contrapartida em troca".
"Nestas circunstâncias, ficaram finalmente expostas as verdadeiras razões da agressão prolongada contra a Venezuela. Não é a migração. Não é o narcotráfico. Não é a democracia. Não são os direitos humanos. Sempre se tratou das nossas riquezas naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano", denunciou Caracas.
Reações
O governo cubano e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) emitiram declarações semelhantes às expressas pelas autoridades venezuelanas. O Ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, condenou em comunicado o "ato vil de pirataria e a apreensão, pelas forças militares daquele país, de um navio que transportava petróleo venezuelano, o que contraria as regras do livre comércio e da liberdade de navegação, em flagrante violação do direito internacional".
Por sua vez, a ALBA endossou a declaração de Rodríguez e enfatizou que "este ato constitui uma gravíssima violação do Direito Internacional e um ataque direto à soberania da República Bolivariana da Venezuela", enquanto a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, reiterou que a posição de seu governo não mudou.
"O México sempre defenderá a autodeterminação dos povos, a não invasão, a não interferência e o direito dos povos de terem os governos que eles mesmos escolhem", disse ela nesta quinta-feira em sua coletiva de imprensa.
'Que os EUA expliquem'
Na Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, declarou que os americanos "abordaram o petroleiro, acusando-o de transportar petróleo bruto cuja venda é proibida", acrescentando que, no momento, há poucas informações adicionais sobre o assunto. Ele também observou que a petrolífera americana Chevron "opera na Venezuela e compra petróleo venezuelano".
Lavrov insistiu que se esclareça "quais volumes ilegais desse tipo de combustível, desse tipo de hidrocarbonetos, estavam naquele petroleiro".
"Espero que os EUA, mesmo que se considerem no direito de realizar esse tipo de ação, por respeito aos outros membros da comunidade internacional, expliquem com base em que estão tomando essas medidas", concluiu o diplomata.
Em um adendo, o Kremlin revelou que o presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, para expressar seu apoio.
"Vladimir Putin expressou sua solidariedade ao povo venezuelano e reafirmou seu apoio às medidas tomadas pelo governo de Nicolás Maduro, visando defender os interesses nacionais e a soberania diante da crescente pressão externa", declarou o governo russo.
A Casa Branca minimizou a importância da troca de mensagens. "Não creio que isso preocupe o presidente", afirmou Karoline Leavitt ao ser questionada pela imprensa sobre o assunto.
Agressões dos EUA
Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.

