
Maduro comenta ligação telefônica com Vladimir Putin

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira (11) que teve uma "longa conversa" com seu homólogo russo, Vladimir Putin, na qual discutiram várias questões relacionadas ao relacionamento bilateral.

"Hoje recebi um telefonema em russo. Tive uma longa conversa com nosso irmão mais velho, amigo e líder corajoso, o presidente Vladimir Putin da Rússia [...]. Ele me disse, entre muitas outras coisas: 'Quero expressar minha admiração pelo exemplo de coragem demonstrado pelo povo da Venezuela'", disse o presidente venezuelano em discurso televisionado.
Maduro relatou também que o presidente russo expressou que Moscou "apoia inabalavelmente o processo venezuelano, o presidente Maduro e os esforços" da nação bolivariana "para defender sua soberania nacional e a paz em toda a região sul-americana".
Se referindo à ampla agenda de intercâmbios bilaterais, Maduro comentou sobre recente assinatura de "19 novos projetos de cooperação em ciência, tecnologia, saúde, agricultura, indústria e energia" e revelou que ele e Putin "ratificaram" a realização, em 2026, da XX reunião da Comissão Rússia-Venezuela na capital venezuelana, Caracas, "para celebrar" o vigésimo aniversário da criação do formato.
A isso se somava a força dos laços bilaterais entre as duas nações, cujo primeiro precedente remonta ao século XVIII, quando o herói venezuelano Francisco de Miranda foi recebido na corte da Imperatriz Catarina, a Grande, mas que ganharam novo fôlego sob a liderança de Putin e do então presidente, Hugo Chávez.
"Saudações ao Presidente Putin, ao povo da Rússia, com sua coragem ancestral. A coragem daqueles que derrotaram Napoleão [Bonaparte], a coragem daqueles que derrotaram [Adolf] Hitler e a coragem daqueles que derrotaram os nazistas na Ucrânia também; a coragem do povo russo", concluiu.
Apoio diante da 'pressão externa'
Por sua vez, o Kremlin declarou que "Vladimir Putin expressou sua solidariedade ao povo venezuelano e reafirmou seu apoio ao caminho trilhado pelo governo de Nicolás Maduro, voltado para a defesa dos interesses e da soberania nacional em um contexto de crescente pressão externa".
Além disso, mencionaram que "os chefes de Estado trocaram opiniões sobre questões relacionadas ao futuro desenvolvimento das relações amistosas russo-venezuelanas no âmbito do Tratado de Parceria Estratégica e Cooperação que entrou em vigor em novembro de 2025".
Segundo o comunicado, "foi reafirmada a mútua disposição de implementar de forma coerente projetos conjuntos nas áreas comercial e econômica, energética, financeira, cultural e humanitária, entre outras".
Cronologia dos ataques
- Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
- Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.

