
Casa Branca comenta apreensão de petroleiro na costa da Venezuela

A Casa Branca informou nesta quinta-feira (11) que o petroleiro apreendido na costa da Venezuela por forças americanas está "em processo de apreensão" e sua tripulação está sendo interrogada.
"Neste momento, a embarcação foi apreendida [...]. O Departamento de Justiça realizou a apreensão em conjunto com a Guarda Costeira e o Departamento de Guerra. A embarcação está atualmente em processo de apreensão", explicou a porta-voz Karoline Leavitt ao ser questionada pela imprensa sobre o assunto.
Segundo a porta-voz, Washington "tem uma equipe de investigação completa no local" e, neste momento, "pessoas a bordo do navio estão sendo interrogadas e quaisquer provas relevantes estão sendo apreendidas".
Em relação ao destino da carga, Leavitt contradisse o que o presidente Donald Trump havia declarado na quarta-feira (10): os Estados Unidos não ficarão com o petróleo bruto, embora tenha esclarecido que isso ocorreria após a conclusão de "um processo legal".
"Quanto ao petróleo, isso é outra questão [...]. O navio seguirá para um porto americano, e os Estados Unidos pretendem apreender o petróleo. No entanto, existe um processo legal para a apreensão", disse ela.

'Roubo e pirataria'
A apreensão foi categoricamente repudiada na quarta-feira (10) pelo governo da Venezuela, que em um comunicado classificou o ocorrido como "um roubo descarado e um ato de pirataria internacional", ao mesmo tempo em que lembrou que não se trata de um assunto inédito; em 2024, Trump expressou abertamente seus desejos sobre o petróleo venezuelano "sem pagar nenhuma contrapartida em troca".
"Nestas circunstâncias, ficaram finalmente expostas as verdadeiras razões da agressão prolongada contra a Venezuela. Não é a migração. Não é o narcotráfico. Não é a democracia. Não são os direitos humanos. Sempre se tratou das nossas riquezas naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano", denunciou Caracas.
Apoio internacional
O governo cubano se pronunciou em linha semelhante. O ministro das Relações Exteriores do país, Bruno Rodríguez Parilla, condenou o "ato vil de pirataria e a apreensão pelas forças militares daquele país de um navio com petróleo venezuelano, o que contraria as regras do livre comércio e da liberdade de navegação, em flagrante violação do direito internacional".
A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) acompanhou o posicionamento de Rodríguez e destacou que "este fato constitui uma violação gravíssima do Direito Internacional e um ataque direto contra a soberania da República Bolivariana da Venezuela".
Rússia se posiciona
Na Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, informou que, na quarta-feira (10), "os americanos abordaram o convés do petroleiro, acusando-o de transportar petróleo cuja venda é proibida", acrescentando que, por enquanto, há poucas informações adicionais a respeito. Ao mesmo tempo, lembrou que a petrolífera americana Chevron "opera na Venezuela e compra petróleo venezuelano".
Lavrov insistiu que "é preciso esclarecer (...) quais volumes ilegais desse tipo de combustível, desse tipo de hidrocarbonetos, estavam nesse petroleiro", acrescentou.
"Espero que os EUA, embora se considerem no direito de realizar este tipo de ações, por respeito aos outros membros da comunidade internacional, expliquem com base em quais fatos estão tomando essas medidas", concluiu o diplomata.
Agressões dos EUA
Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou.
Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.

