
Moscou alerta que 'manipulação de ativos russos pela UE e seus cúmplices não ficará impune'

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakhrova, garantiu nesta quinta-feira (11) que qualquer manipulação dos fundos de seu país por parte da União Europeia (UE) e seus cúmplices não ficará sem uma "resposta dura".
"Todas as consequências para a economia mundial serão assumidas pelos iniciadores desse esquema fraudulento", afirmou Zakharova durante uma reunião com jornalistas.

Quando questionada sobre as notícias que afirmam que, em uma reunião dos ministros das Finanças do G7 realizada na segunda-feira (8), o Japão se recusou a participar dos planos da UE de usar os ativos russos congelados para financiar a Ucrânia, a diplomata observou que, após os comentários oficiais de Tóquio, percebe-se que o Japão não mudou sua posição.
"Os japoneses, como membros do G7, aprovaram uma declaração conjunta na qual se aponta a possibilidade de utilizar integralmente os ativos russos bloqueados para apoiar o regime de Kiev", lembrou.
'Severas contramedidas'
"Advertimos repetidamente a todos, e em particular aos japoneses, que sua participação nesta experiência ilegítima com os ativos soberanos da Rússia será considerada cumplicidade no roubo e nos crimes do regime de Kiev. Tais ações inevitavelmente levarão a severas contramedidas práticas, incluindo algumas assimétricas", esclareceu a porta-voz.
Por sua vez, ressaltou que a reação de Tóquio é mais uma confirmação de que a iniciativa da UE de "roubar as reservas soberanas russas" é totalmente "ilegal" e "ilegítima". Em contrapartida, Zakharova lembrou que alguns membros do bloco comunitário resistem a essa ideia, reconhecendo que ela constitui "um verdadeiro crime".
"Os responsáveis por este plano não se preocupam com os interesses de ninguém: nem com os dos seus próprios cidadãos, nem com as consequências para a região, para a Europa Ocidental ou para o mundo em geral [...]. E, mais importante ainda, não se preocupam com as economias dos países da UE nem com os riscos potenciais para o sistema financeiro global. Trata-se simplesmente de uma ordem que, como robôs, estão executando, destruindo tudo à sua passagem. Quem pagará por isso, como tudo será implementado do ponto de vista da responsabilidade; isso não os preocupa", acrescentou.
Consequências do roubo de ativos
Desde fevereiro de 2022, vários países ocidentais (EUA, nações da UE e Reino Unido, entre outros) mantêm congelados mais de 300 bilhões de dólares em ativos estatais russos. Em setembro, a Comissão Europeia propôs conceder à Ucrânia um "empréstimo de reparação" de 140 bilhões de euros (162 bilhões de dólares) financiado com os ativos russos congelados.
Em 3 de dezembro, a Comissão Europeia apresentou dois esquemas de financiamento plurianual para a Ucrânia: emissão de dívida nos mercados com garantia do orçamento da União Europeia e um "empréstimo de reparação" garantido pelos ativos soberanos russos congelados em território comunitário. Os líderes do bloco decidirão ainda este mês se usarão as reservas russas ou os fundos dos contribuintes europeus.
A Bélgica reiterou sua rejeição à iniciativa, argumentando que o país poderia acabar sendo processado judicialmente por Moscou.
"Se a Rússia nos processar, terá todas as chances de ganhar no tribunal", enquanto a Bélgica não poderá reembolsar esses centenas de bilhões, que "equivalem a um orçamento federal anual", afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Maxime Prévot. Segundo sua previsão, essa perspectiva significaria "a falência da Bélgica".
Alerta de Putin
A Rússia advertiu em várias ocasiões que o congelamento de seus fundos viola o direito internacional e classificou a iniciativa da União Europeia como "roubo". O presidente Vladimir Putin anunciou que Moscou está preparando contramedidas.
"O governo russo, seguindo minhas instruções, está desenvolvendo um pacote de medidas de retaliação caso isso ocorra", declarou o mandatário em 27 de novembro, enfatizando que "todos afirmam claramente, sem rodeios, que se trataria de um roubo de propriedade alheia".

