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EXCLUSIVO: 'Pura humilhação', diz Correa sobre prisão 'desproporcional' de Luis Arce na Bolívia

O ex-presidente equatoriano condenou a "judicialização da política" em entrevista exclusiva à RT, denunciando influência das elites e dos EUA nas estruturas judiciárias latino-americanas.
EXCLUSIVO: 'Pura humilhação', diz Correa sobre prisão 'desproporcional' de Luis Arce na BolíviaGettyimages.ru / Manuel Cortina/NurPhoto/Hector Vivas

O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou nesta quinta-feira (11) que um sistema de justiça internacional mais eficaz é necessário para impedir que a "guerra jurídica" seja usada como arma política na América Latina, como acredita estar acontecendo com a prisão do ex-presidente boliviano Luis Arce na quarta-feira (10).

"Precisamos de órgãos internacionais muito mais eficazes porque todos os sistemas judiciais estão corrompidos", afirmou em entrevista à RT, ao condenar o uso de tribunais para atacar líderes de esquerda e propor a reestruturação de organizações como o Sistema Interamericano de Justiça e as Nações Unidas, para que "sirvam verdadeiramente à justiça".

Cooptação histórica

Rejeitando que a prisão de Arce seja uma coincidência, Correa avalia que os países latino-americanos foram mal desenvolvidos sob o controle ininterrupto das elites e da influência dos Estados Unidos, que tomaram as instâncias de Estado.

"Conquistar 'poder político' na América Latina não significa realmente conquistar poder", constatou. "Os poderes de fato, o poder mafioso enraizado no Estado, permanecem intactos."

"Eles tomaram o controle do Poder Judiciário, de promotores, juízes. A partir disso, estão praticando a judicialização da política para tentar alcançar o que não conseguem nas urnas".

"Estão buscando vingança"

Correa acredita que o excesso se reflete na prisão imediata do ex-presidente boliviano, adotando medida mais extrema no curso de investigações que não foram concluídas

O mandado de prisão publicado pelo Ministério Público boliviano aponta a finalidade assegurar o comparecimento de Arce às investigações e eventual julgamento, diante de indícios suficientes da autoria dos crimes de crimes de "descumprimento de deveres" e "conduta antieconômica".

"Por que não simplesmente intimá-lo a depor? Querem humilhá-lo, querem assustá-lo", enfatizou Correa ao reiterar a desproporcionalidade da prisão, evocando debate similar à condução coercitiva do presidente Lula em 2016, durante investigações da Operação Lava-Jato.

Ele identifica que a prisão não busca justiça, mas sim um "efeito de demonstração".

"Vejam o que acontece com todos aqueles que não são dóceis'", disse Correa, afirmando que a prisão de Arce é uma lição para aqueles que "não ousam se submeter aos caprichos da oligarquia latino-americana".