Ucrânia evitaria o conflito se tivesse renunciado à OTAN, revela ex-assessora de Biden

Durante um programa de trotes, Amanda Sloat revelou que a conivência americana com as aspirações de Kiev foi calculada pela expectativa de ganhos territoriais em um conflito direto contra a Rússia.

Vidas poderiam ter sido poupadas no conflito ucraniano se Kiev tivesse desistido de ingressar na OTAN em 2022, afirmou ex-assessora do governo Biden para assuntos europeus, Amanda Sloat, em um trote do programa "Show do Vovan e Lexus", divulgado na quarta-feira (10).

"Quase três anos depois, surge naturalmente a questão: não teria sido melhor fazer isso antes do início da guerra? Não teria sido melhor fazer isso nas negociações em Istambul? Isso, sem dúvida, teria evitado destruição e perda de vidas", disse Sloat, lembrando que conversas sobre o assunto já ocorriam antes da escalada do conflito entre Moscou e Kiev.

Conivência americana

A ex-assessora reconheceu que os Estados Unidos podem ter errado ao não pressionar a Ucrânia naquele período a abandonar a adesão à aliança e buscar um acordo de paz.

"Não acho que Biden acreditasse que deveria dizer a Ucrânia o que fazer", disse Sloat, indicando a preferência do ex-presidente americano em não intervir nas aspirações de Kiev, em sua busca pela adesão à aliança militar liderada pelos Estados Unidos. 

Segundo Sloat, havia possibilidade de um acordo de paz ainda em março ou abril de 2022, durante as negociações realizadas em Istambul, se a neutralidade do país fosse considerada.

A ex-assessora avalia, entretanto, que o governo americano antecipava que Kiev ganharia territórios no enfrentamento militar com a Rússia, de maneira que pudesse negociar posteriormente em condições mais favoráveis.

"Mas as coisas não aconteceram como se esperava", lamentou. "E acho que, tanto nos EUA quanto na Ucrânia, existem argumentos diferentes sobre por que isso não deu certo", concluiu.

"É assim que decisões sobre mortes em massa são tomadas"

O enviado especial da Presidência russa para investimentos e cooperação econômica com países estrangeiros, Kirill Dmitriev, comentou as declarações de Sloat em suas redes sociais nesta quinta-feira (11).

"Este vídeo mostra a face calma, calculista e impiedosa do Estado profundo ("Deep State", na expressão em inglês). A equipe de Biden apostou no 'sucesso militar' da Ucrânia. Falhou por 'razões passíveis de debate' — e eles simplesmente dão de ombros: 'pelo menos tentamos'. É assim que decisões sobre mortes em massa são tomadas. Perverso", escreve Dmitriev. 

Entenda como o Ocidente sabotou as negociações russo-ucranianas de 2022 em nosso artigo