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'Roubo descarado e pirataria internacional': Venezuela reage à apreensão de petróleo pelos EUA

Caracas afirmou que o incidente "finalmente expôs os verdadeiros motivos da prolongada agressão de Washington".
'Roubo descarado e pirataria internacional': Venezuela reage à apreensão de petróleo pelos EUAGettyimages.ru / Mateus Bonomi

O governo venezuelano descreveu nesta quarta-feira (10) a apreensão de um navio-tanque anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um "roubo descarado e um ato de pirataria internacional", que, segundo suas palavras, ocorreu "na costa" do país sul-americano.

"A República Bolivariana da Venezuela denuncia e condena veementemente o que constitui um roubo flagrante e um ato de pirataria internacional, anunciado publicamente pelo Presidente dos Estados Unidos, que confessou o ataque a um petroleiro no Mar do Caribe", lê-se em um comunicado divulgado pelo ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, em seu canal no Telegram.

Caracas também reforçou que "esta não é a primeira vez" que Trump "admite" que cobiça o petróleo, visto que durante a campanha presidencial de 2024 ele "afirmou abertamente que seu objetivo sempre foi ficar com o petróleo venezuelano sem pagar qualquer compensação em troca", o que constitui uma demonstração de que a "política de agressão" da Casa Branca contra a Venezuela "responde a um plano deliberado para saquear" sua "riqueza energética".

"Nessas circunstâncias, as verdadeiras razões para a prolongada agressão contra a Venezuela foram finalmente reveladas. Não se trata de migração. Não se trata de narcotráfico. Não se trata de democracia. Não se trata de direitos humanos. Sempre se tratou de nossa riqueza natural, nosso petróleo, nossa energia, os recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano", afirmaram as autoridades venezuelanas.

Por sua vez, Trump afirmou que "um grande, enorme petroleiro, o maior já visto" era o alvo da apreensão. "Outras coisas estão acontecendo, que vocês verão mais tarde", observou.

Tática para desviar a atenção

Do ponto de vista do governo venezuelano, o anúncio de Trump, que se segue ao "roubo" da refinaria da Citgo, antes o principal ativo da nação bolivariana no exterior, "por meio de mecanismos legais fraudulentos e fora de qualquer estrutura legal", teve como objetivo "desviar" a atenção do fiasco que foi a cerimônia do Prêmio Nobel da Paz realizada nesta quarta-feira em Oslo.

"Denunciamos este ato de pirataria como uma tentativa de desviar a atenção e encobrir o retumbante fracasso do espetáculo político realizado hoje em Oslo, onde as manipulações e a falta de resultados daqueles que, sem sucesso, há anos buscam realizar uma operação de 'mudança de regime' por meio da violência e em aberta cumplicidade com governos ocidentais foram mais uma vez expostas."

'Vamos ficar com ele'

Por sua vez, Trump afirmou que "um grande, enorme petroleiro, o maior já visto" era o alvo da apreensão. "Há outras coisas acontecendo que vocês verão mais tarde", observou.

Quando questionado pela imprensa sobre o destino da carga, ele declarou: "Bem, nós vamos ficar com ele [petróleo], eu acho." Ele acrescentou que a apreensão do petroleiro ocorreu "por um ótimo motivo", mas se recusou a fornecer detalhes.

Cronologia dos ataques

  • Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
  • Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Infiltrações de inteligênciaDonald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
  • Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türkcondenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como RússiaColômbiaMéxico e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.