A presidente do México, Claudia Sheinbaum, respondeu às declarações do seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que não descartou atacar o país latino-americano em sua "guerra" supostamente contra o narcotráfico, nesta quarta-feira (10).
"Não, isso não vai acontecer porque, em primeiro lugar, não é necessário. Em segundo lugar, porque somos um país soberano e nunca aceitaríamos uma intervenção estrangeira; e, em terceiro lugar, porque já temos um acordo com os Estados Unidos em matéria de segurança", afirmou a chefe do Estado quando questionada em sua habitual coletiva de imprensa.
"Não precisamos responder a cada declaração do presidente Trump. Ele tem a sua opinião, em muitas coisas não concordamos, mas procuramos sempre a melhor relação entre o México e os Estados Unidos e, até agora, ele tem sido muito respeitoso", acrescentou ela.
Na terça-feira (9), Trump afirmou que considerava a possibilidade de empreender ações militares contra países como a Colômbia e o México, após a forte campanha de agressões que Washington vem realizando nas águas do Caribe.
Quando questionado pelo portal Politico sobre a possibilidade de empreender ataques contra esses países, considerados pela entrevistadora como "ainda mais responsáveis pelo tráfico de fentanil para os EUA", Trump respondeu: "Sim, com certeza. Claro que o faria".
Agressões dos EUA
Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.