
Daniel Ortega rejeita tropas americanas no Caribe sob falso pretexto de 'combate ao narcotráfico'

O copresidente da Nicarágua, Daniel Ortega, manifestou na terça-feira (9) sua rejeição ao deslocamento de forças militares dos Estados Unidos ao Caribe, sob o falso pretexto de "combate ao narcotráfico". As declarações foram feitas durante a cerimônia de formatura de oficiais do Centro Superior de Estudos Militares.

"O Governo dos Estados Unidos desdobrou forças militares em diferentes lugares do Caribe, e também no Oceano Pacífico têm unidades militares que supostamente estão para combater o narcotráfico", afirmou.
Ortega denunciou que Washington ataca países do Caribe para encobrir os problemas relacionados ao fentanil em seu próprio território e reiterou solidariedade ao povo e ao governo da Venezuela.
"Os Estados Unidos vêm bombardeando barcos, lanchas, onde dizem que estão com drogas. Sem saber se levam droga ou não levam droga. Simplesmente veem uma lanchinha e a afundam", declarou.
Segundo o copresidente, Washington deveria priorizar os problemas internos, e afirmou que o presidente dos EUA "não resolve nada" ao ameaçar países da América Latina, "porque o problema ele tem aí, em sua própria casa", concluiu.
Cronologia dos ataques
- Escalada militar: em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, matando dezenas de pessoas.
- Falsos pretextos: Washington acusou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto "cartel de drogas". As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Infiltrações de inteligência: Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro indagou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- Postura venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
- Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, sob alegações de "combate ao narcotráfico", que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram condenados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao direito internacional.
