O ministro da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, afirmou na terça-feira (9) que um conflito armado com a Síria é apenas uma questão de tempo. A declaração ocorre em meio a ataques de Tel Aviv contra o território sírio.
"A guerra é inevitável", disse Chikli em sua conta na rede social X, ao compartilhar um vídeo que mostra o Exército sírio gritando palavras de ordem em apoio ao povo palestino da Faixa de Gaza durante um desfile pelo aniversário da queda do governo de Bashar al-Assad.
Escalada israelense contra a Síria
As ameaças do ministro israelense ocorreram pouco depois das autoridades israelenses deixarem claro que o país pretende manter o controle sobre os territórios que ocupa na Síria.
"Esperamos sinceramente chegar a um acordo de desmilitarização para o sul da Síria e também cuidar de nossos irmãos drusos", declarou o primeiro-ministro israelense, citado pelo Middle East Eye em nota publicada no domingo (7). Entretanto, ele ressalvou o interesse de "preservar ativos" estratégicos, em referência ao monte Hermon, território sírio ocupado pelas forças armadas de Israel após a queda de Assad em 2024.
O líder interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, alertou para a tendência de escalada israelense durante o fórum internacional de Doha no sábado (6).
“Israel se tornou um país que luta contra fantasmas”, disse al-Sharaa, citado pelo jornal britânico The Guardian. “Eles justificam tudo usando suas preocupações com segurança e extrapolam o ocorrido em 7 de outubro para tudo o que aconteceu ao seu redor.”
Enquanto isso, autoridades dos EUA demonstram preocupação com a continuidade dos ataques israelenses ao país, segundo declarações anônimas de altos oficiais americanos ao jornal Axios. "A Síria não quer problemas com Israel. Isto aqui não é o Líbano", declarou a fonte, ecoando as palavras de al-Sharra ao reafirmar que Netanyahu "vê fantasmas em toda parte".
"[Netanyahu] precisa parar com isso porque, se continuar, vai se autodestruir, desperdiçar uma enorme oportunidade diplomática e transformar o novo governo sírio em um inimigo", concluiu o entrevistado.
- A postura de Israel reflete a escalada militar após a queda do governo de Bashar al-Assad no final de 2024, quando o exército israelene expandiu sua ocupação nos Altos do Golã, se aproximando a 25 km de Damasco. As autoridades da Síria exigem a retirada total das tropas desta zona tampão como condição para qualquer acordo.
- Israel também realizou bombardeios contra comboios sírios no sul, ataques aéreos na região de Damasco e reforçou seu contingente na fronteira, justificando essas ações como necessárias para proteger a minoria drusa diante da instabilidade regional.