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Venezuela agradece à Rússia por seu 'rechaço' diante de 'intenções neocolonialistas' dos EUA

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo havia criticado nova estratégia norte-americana.
Venezuela agradece à Rússia por seu 'rechaço' diante de 'intenções neocolonialistas' dos EUAGettyimages.ru / Arda Kucukkaya

O governo da Venezuela expressou seu "agradecimento e apoio" nesta terça-feira (9) às declarações do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que demonstrou preocupação sobre as "intenções neocolonialistas do imperialismo norte-americano" na América Latina.

Na segunda-feira (8), Moscou reagiu à recém-publicada Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, chamando atenção para "as tensões atuais que o Pentágono alimenta deliberadamente em torno da Venezuela". "Esperamos que a Casa Branca consiga evitar cair em um conflito em larga escala, que ameaça ter consequências imprevisíveis para todo o hemisfério ocidental", declarou na ocasião a porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova.

O chanceler da Venezuela, Yván Gil, destacou que a fala "reflete um firme rechaço ao crescente intervencionismo dos EUA em nossa região, que revive o 'corolário Roosevelt' de 1904 e amplia o colonialismo da infame Doutrina Monroe de 1823".

Novo intervencionismo

Na segunda-feira (8), a porta-voz russa comentou as mudanças na política externa dos EUA para o hemisfério ocidental contidas na Estratégia, batizadas como "corolário Trump à Doutrina Monroe", durante uma coletiva de imprensa com jornalistas.

Zakharova comparou a nova estratégia de Washington ao "corolário Roosevelt", doutrina do ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt, que proclamou o direito de intervir na América Latina sob o pretexto de "estabilizar a situação econômica interna" das demais nações da região.

A agressão dos EUA

  • Desdobramento militar: desde agosto, os Estados Unidos mantêm uma força militar significativa posicionada diante das costas da Venezuela, justificando a presença como parte da luta antidrogas. Washington anunciou posteriormente a operação Lança do Sul, com o objetivo oficial de "eliminar os narcoterroristas" do hemisfério ocidental e "proteger" os EUA "das drogas que estão matando" seus cidadãos.

  • Operações letais: como parte dessas ações, foram realizados bombardeios contra supostas embarcações de narcotraficantes no Caribe e no Pacífico, resultando em mais de 80 pessoas mortas, sem que tenham sido apresentadas provas de que realmente traficavam drogas.

  • Acusações e recompensa: Washington acusou, sem apresentar evidências, o presidente venezuelano Nicolás Maduro de liderar um cartel de narcotráfico e dobrou a recompensa oferecida por sua captura.

  • Posição de Caracas: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é promover uma "mudança de regime" para se apoderar das vastas riquezas petrolíferas e gasíferas da Venezuela.

  • Falta de sustentação: a Organização das Nações Unidas (ONU) e a própria Administração de Controle de Drogas (DEA) dos EUA indicam que a Venezuela não é uma rota principal do narcotráfico com destino ao território norte-americano, já que mais de 80% das drogas utilizam a rota do Pacífico.

  • Condenação internacional: Rússia, o alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos e os governos de Colômbia, México e Brasil condenaram as ações norte-americanas. Especialistas classificam os ataques a embarcações como “execuções sumárias” que violam o direito internacional.