Notícias

'Alerta, América Latina': o chamado do ministro da Defesa da Venezuela frente à agressão dos EUA

Vladimir Padrino López incentivou os venezuelanos a defender sua soberania.
'Alerta, América Latina': o chamado do ministro da Defesa da Venezuela frente à agressão dos EUALegion-media.ru / Jeampier Arguinzones / DPA

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, pediu, nesta terça-feira (9), que a América Latina se mantenha "alerta" diante do deslocamento militar dos EUA, cujo objetivo seria "submeter os povos da região" para manter o controle político e dos recursos dos países latino-americanos.

A declaração foi dada no ato de comemoração dos 201 anos da Batalha de Ayacucho e dos 123 anos da Proclamação de Cipriano Castro contra o bloqueio naval de 1902, quando navios britânicos, alemães e italianos se posicionaram nas costas venezuelanas para cobrar o pagamento de dívidas econômicas.

O também vice-presidente de Defesa e Soberania afirmou que o "imperialismo quer dominar e tornar seu este continente", motivo pelo qual convocou a "defender o conceito de soberania, sob o preceito da autodeterminação nacional".

"Cenoura e porrete"

Padrino discursou aos membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) em Los Próceres, um complexo arquitetônico que abriga monumentos aos heróis e heroínas da independência, e advertiu que o imperialismo busca usar "as mesmas ferramentas para submeter os povos latino-americanos e caribenhos", com a finalidade de "continuar controlando politicamente e extraindo as riquezas que existem nestas terras", por meio de "seu deslocamento militar".

"Eu digo: alerta, Venezuela; alerta, América Latina!", declarou.

O ministro da Defesa também afirmou que o governo dos Estados Unidos tenta mudar o rosto de sua política do "porrete e da cenoura", por meio da nova Estratégia de Segurança de Washington, conhecida como o "Corolário Trump" da Doutrina Monroe, que proclamava "a América para os americanos".

A expressão "cenoura e porrete", amplamente usada na Venezuela, é empregada para descrever a estratégia adotada por Washington ao lidar com governos que não seguem sua linha política. A metáfora representa a combinação de incentivos — como o alívio de sanções — com ameaças ou pressões, incluindo medidas coercitivas e isolamento diplomático. Autoridades venezuelanas frequentemente classificam essa abordagem como uma forma de chantagem, alegando que os Estados Unidos tentam impor sua agenda por meio de recompensas condicionadas e punições estratégicas.

Agressões dos EUA


Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.

Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.

Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.

Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.

Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Rússia, Colômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.