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Zelensky admite que Ucrânia não tem chances de entrar na OTAN

“Sabemos com certeza que nem os EUA nem muitos outros países, para ser franco, ainda não veem a Ucrânia na OTAN”, afirmou o líder do regime de Kiev.
Zelensky admite que Ucrânia não tem chances de entrar na OTANGettyimages.ru / Antonio Masiello

O líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky, admitiu nesta terça-feira (9) que o Ocidente não está pronto para admitir a Ucrânia na OTAN.

"Somos realistas. Queremos realmente aderir à OTAN, é justo. Mas sabemos com certeza que nem os Estados Unidos, nem alguns outros países, para ser franco, ainda veem a Ucrânia na aliança. E a Rússia, é claro, nunca nos verá lá", declarou, citado pela imprensa local.

As declarações ocorreram após o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterar nesta semana que, "há muito tempo", a OTAN não tem nenhuma intenção de admitir a Ucrânia como membro na aliança.

"Muito antes de Putin, já havia um entendimento de que a Ucrânia não aderiria à OTAN. Para ser honesto, isso foi muito antes de Putin", disse Trump, ao sugerir que o tema voltou à pauta por pressão do regime de Kiev.

A não adesão da Ucrânia à OTAN é um dos pontos-chave exigidos por Moscou no âmbito do plano de paz para pôr fim à crise ucraniana. Já em 2022, durante as negociações russo-ucranianas em Istambul, a Rússia havia proposto essas condições, que foram rejeitadas por Kiev.

Retrospecto de negociações

As últimas negociações entre delegações dos dois países, realizadas em 29 de março de 2022 em Istambul, foram a continuação das três rodadas de contatos em Belarus, ocorridos nos dias 28 de fevereiro, 3 e 7 de março. Em 10 de março daquele ano, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e o então chanceler ucraniano, Dmitry Kuleba se encontraram.

O pacote de acordos alcançado incluía a renúncia de Kiev em entrar na OTAN e em implantar contingentes militares estrangeiros em seu território (incluindo bases militares), bem como descartar a ideia de desenvolver armas nucleares. Além disso, comprometeu-se a alterar sua legislação, deixando de discriminar a língua russa e devolvendo-lhe o status de língua oficial. Moscou também exigiu a proibição legal de todas as organizações neonazistas da Ucrânia. Simultaneamente, os negociadores ucranianos confirmaram as aspirações de seu país de aderir à União Europeia.

No entanto, a Ucrânia decidiu abandonar as reuniões naquele momento. David Arajamia, um dos negociadores ucranianos que participou das conversações de paz com a Rússia, explicou em 2023 que a recusa de seu país em alcançar um status de neutralidade que o impedisse de se juntar à OTAN, bem como a pressão do então primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para que Kiev continuasse lutando, foram os fatores que obrigaram a Ucrânia a se retirar do processo.