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Venezuela critica silêncio do TPI sobre ataques no Oriente Médio e nas Américas

Segundo ministro do Interior, Justiça e Paz venezuelano, Corte "está caminhando para o descrédito".
Venezuela critica silêncio do TPI sobre ataques no Oriente Médio e nas AméricasGettyimages.ru / pidjoe

O ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello, denunciou nesta segunda-feira (8) o Tribunal Penal Internacional (TPI) por adotar um duplo padrão, ao priorizar investigações contra o país enquanto evita se pronunciar sobre episódios de violência promovidos pelo Ocidente.

Em coletiva de imprensa, Cabello afirmou que a Corte é "grosseira", criticando "o silêncio que guarda diante dos massacres em diferentes partes do mundo". Ele citou a guerra em Gaza e declarou que o tribunal "não diz nada sobre a massacre contra o povo palestino", acrescentando que a instituição não se manifesta porque "seus chefes imperiais fazem sinal para que fique calada".

O ministro também mencionou os bombardeios dos Estados Unidos contra embarcações no Caribe e no Pacífico. Segundo ele, o tribunal "não abriu a boca" sobre o que classificou como "massacres" na região, que assassinaram "pessoas acusadas de crimes que ninguém comprovou". Para Cabello, essas ações equivalem a "aplicar a pena de morte sem julgamento" aos tripulantes.

Segundo ele, suas críticas não significam defesa de suspeitos, mas questionamento aos métodos adotados pelos EUA. "Eu não vou defender ninguém aqui, nenhum narcotraficante, mas não é isso que está previsto nas normas para combater o narcotráfico. Em nenhuma parte a norma diz: 'Bombardeiem alguém que você acha que é narcotraficante'".

Cabello ainda classificou o TPI como um instrumento político usado por potências ocidentais para pressionar governos, afirmando que o órgão não reage quando países aliados do Ocidente são acusados de violações. Ele também comparou a situação da Corte ao desgaste acumulado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), dizendo que o tribunal internacional estaria "caminhando para o mesmo descrédito".

A agressão dos EUA

  • Desdobramento militar: desde agosto, os Estados Unidos mantêm uma força militar significativa posicionada diante das costas da Venezuela, justificando a presença como parte da luta antidrogas. Washington anunciou posteriormente a operação Lança do Sul, com o objetivo oficial de "eliminar os narcoterroristas" do hemisfério ocidental e "proteger" os EUA "das drogas que estão matando" seus cidadãos.

  • Operações letais: como parte dessas ações, foram realizados bombardeios contra supostas embarcações de narcotraficantes no Caribe e no Pacífico, resultando em mais de 80 pessoas mortas, sem que tenham sido apresentadas provas de que realmente traficavam drogas.

  • Acusações e recompensa: Washington acusou, sem apresentar evidências, o presidente venezuelano Nicolás Maduro de liderar um cartel de narcotráfico e dobrou a recompensa oferecida por sua captura.

  • Posição de Caracas: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é promover uma "mudança de regime" para se apoderar das vastas riquezas petrolíferas e gasíferas da Venezuela.

  • Falta de sustentação: a Organização das Nações Unidas (ONU) e a própria Administração de Controle de Drogas (DEA) dos EUA indicam que a Venezuela não é uma rota principal do narcotráfico com destino ao território norte-americano, já que mais de 80% das drogas utilizam a rota do Pacífico.

  • Condenação internacional: Rússia, o alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos e os governos de Colômbia, México e Brasil condenaram as ações norte-americanas. Especialistas classificam os ataques a embarcações como “execuções sumárias” que violam o direito internacional.