
Após visitar a China, Macron ameaça impor tarifas contra o país
O presidente da França, Emmanuel Macron, ameaçou a China com possíveis novas tarifas da União Europeia, caso o governo de Xi Jinping não reduza os desequilíbrios comerciais com o bloco.
Em entrevista ao Les Echos, publicada no domingo (7), Macron disse ter comunicado às autoridades chinesas, durante sua visita recente ao país, que o atual cenário é "insustentável".
Segundo o mandatário francês, o superávit da China com a Europa, que segue em expansão acelerada nos últimos anos, está "matando seus próprios clientes", numa referência ao fato da China importar cada vez menos do bloco. Desde 2019, o déficit orçamentário na relação EU-China cresceu 60%, informou a agência Reuters.

Macron argumentou que a indústria europeia se encontra pressionada tanto pelo protecionismo de Donald Trump quanto pela enxurrada de produtos chineses que, segundo ele, ameaça o "modelo industrial e de inovação" da Europa.
O presidente afirmou ainda que, caso a China não dê sinais de recuo, a UE terá de adotar "medidas fortes", citando a possibilidade de tarifas semelhantes às impostas pelos Estados Unidos. Para ele, o continente virou "mercado de ajuste" entre EUA e China, e a situação representa um risco direto para a sobrevivência de setores estratégicos europeus.
Apesar das críticas, Macron defendeu que parte da solução passa por negociações e concessões mútuas. Ele sugeriu, por exemplo, a revisão de restrições europeias à exportação de máquinas de semicondutores. Enquanto isso, segundo o francês, a China poderia diminuir restrições sobre insumos como terras raras. Ele também apelou para que empresas chinesas ampliem investimentos no território europeu.
Superávit chinês
As declarações vêm em um momento em que o comércio exterior da China registra novos recordes, superando a marca de US$ 1 trilhão de superávit em 2025.
O resultado reforça a resiliência do setor exportador chinês em meio ao agravamento do protecionismo e à guerra comercial lançada pelo governo Donald Trump.
As vendas para a União Europeia cresceram quase 15%, e para a África avançaram 28%, evidenciando a diversificação do comércio chinês.
