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Alerj revoga prisão de Rodrigo Bacellar

Presidente da Assembleia é suspeito de vazar dados sigilosos de operação da PF e recomendar destruição de provas.
Alerj revoga prisão de Rodrigo BacellarTiago Lontra / ALERJ

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou a revogação, nesta segunda-feira (8), a prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil). O resultado da votação no plenário foi de 42 votos a favor da revogação e 21 contra, com duas abstenções.

A decisão foi tomada em sessão extraordinária realizada nesta tarde, com a participação de 65 deputados. Para ser aprovada, a medida necessitava de pelo menos 36 votos, com a maioria sendo alcançada por volta de 16h50. Poucas horas antes, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) recomendou, por 4 votos a 3, a libertação do parlamentar.

Agora, a decisão da Assembleia será comunicada ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que o ministro Alexandre de Moraes é o responsável pela ordem de prisão e por conduzir a investigação contra Bacellar. Em seguida, o juiz pode determinar medidas cautelares diversas da prisão, entre elas a proibição do exercício da presidência da Casa Legislativa, uso de tornozeleira eletrônica e apreensão de passaporte.

Deputados favoráveis à manutenção da prisão destacaram responsabilização da Alerj, apontando ligações do crime organizado com o poder público. "Temos que cortar esses tentáculos, se não este parlamento será contaminado pelo crime organizado", afirmou Carlos Minc (PSB).

Já aqueles que defenderam a revogação da decisão do STF argumentaram que provas da Polícia Federal (PF) são "fragéis". "Muitos aqui ficavam de beijinho e abraço com o deputado TH Joias, inclusive o pessoal da esquerda", declarou Alexandre Knoploch (PL).

Prisão de Bacellar

O presidente da Alerj havia sido detido na quarta-feira (3) durante a Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações sigilosas da Polícia Federal. Segundo a PF, interceptações telefônicas mostram que Bacellar avisou o deputado TH Joias sobre a Operação Zargun, deflagrada em 3 de setembro, e o orientou a retirar ou destruir possíveis provas.

As mensagens analisadas pela PF indicam que, após o alerta, TH Joias organizou uma mudança com caminhão-baú, trocou de celular e fez uma "limpa" em sua casa. No aparelho novo, mensagens não apagadas mostram que o próprio parlamentar enviou a Bacellar um vídeo perguntando o que deveria levar; Bacellar respondeu: "Deixa isso, tá doido?"

O ministro Alexandre de Moraes justificou a prisão preventiva afirmando haver "fortes indícios" de obstrução de investigação e tentativa de frustrar ações contra organizações criminosas.

Prisão de TH Joias

TH Joias foi preso em 3 de setembro por tráfico de drogascorrupção e lavagem de dinheiro, sob suspeita de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho (CV). Ele foi alvo de duas operações simultâneas, uma autorizada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e outra pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

A PF afirma ter identificado "um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos".

Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o deputado utilizou o mandato para favorecer o CV, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj.

Na Operação Zargun, que originou a apuração sobre o vazamento, foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do sequestro de R$ 40 milhões em bens.