
Luciano Moreira entra para lista da Nature dos 10 que mais influenciaram a ciência em 2025

O engenheiro agrônomo e entomologista brasileiro Luciano Moreira foi incluído na lista "Nature's 10", que reúne os dez nomes que mais influenciaram a ciência em 2025. A informação foi divulgada pela revista nesta segunda-feira (8).
Moreira foi reconhecido pelo trabalho pioneiro à frente de uma fábrica de mosquitos em Curitiba, no sul do Brasil, onde lidera uma iniciativa inédita de combate à dengue por meio da liberação de Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya.
A seleção da Nature destaca personalidades que, segundo os editores da publicação, ajudaram a moldar os rumos da ciência no último ano, não apenas por descobertas científicas, mas também pelo impacto social e político de seus trabalhos.

No caso de Moreira, a revista enfatizou sua habilidade não só de comprovar a eficácia do método em estudos acadêmicos, mas também de articular sua adoção em políticas públicas de saúde no Brasil. O reconhecimento internacional vem num momento em que o país enfrenta altos índices de infecção por doenças transmitidas por mosquitos, com mais de 6.300 mortes por dengue registradas no último ano.
A fábrica liderada por Moreira, operada pela empresa Wolbito do Brasil, tem capacidade para produzir até cinco bilhões de mosquitos por ano. Os insetos criados no local são infectados com a bactéria Wolbachia, que os torna incapazes de transmitir os vírus. Depois de liberados em áreas urbanas, eles se reproduzem e transmitem a bactéria para as gerações seguintes, reduzindo a circulação viral.
O projeto começou de forma modesta, em um pequeno laboratório no interior de Minas Gerais, e foi ganhando força à medida que os resultados começaram a aparecer. Em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, a introdução dos mosquitos modificados levou à queda de 89% nos casos de dengue.
Para a Nature, o brasileiro se destacou por reunir capacidade técnica e articulação institucional: "Ele conseguiu não apenas realizar o trabalho acadêmico, mas também convencer tomadores de decisão a implementar a tecnologia", declarou à revista o entomologista Pedro Lagerblad de Oliveira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Hoje, com o reconhecimento da Nature e a ampliação do projeto em todo o país, Moreira reafirma o propósito do trabalho. "É gratificante ver meu compromisso multiplicado por toda uma equipe que compartilha a mesma visão: proteger a saúde da população".
