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Mistério de faraó egípcio pode ser resolvido graças a nova descoberta

Uma descoberta desta magnitude não era feita na região desde a revelação da tumba de Tutancâmon em 1922. O sítio arqueológico foi saqueado em diversas ocasiões, tornando extremamente raro encontrar peças de valor histórico intactas no local.
Mistério de faraó egípcio pode ser resolvido graças a nova descobertasnabsa / Legion-Media

Uma equipe de arqueólogos franceses descobriu um conjunto excepcional de 225 ushabtis — estatuetas funerárias destinadas a servir os mortos no além — em uma tumba na antiga cidade de Tanis, no delta do Nilo.

A descoberta, divulgada recentemente pela agência AFP, lança nova luz sobre os rituais funerários do período e ajuda a esclarecer um mistério secular.

Sob a coordenação do egiptólogo Frédéric Payraudeau, os pesquisadores encontraram as estatuetas dispostas de forma meticulosa no interior de uma fossa trapezoidal, organizadas em fileiras horizontais que formavam uma espécie de estrela. Mais da metade das figuras representa personagens femininas, algo raro nesse tipo de artefato.

Identidade revelada por símbolos da realeza

A escavação, iniciada em 9 de outubro, exigiu cautela extrema: a equipe trabalhou durante dez noites para remover cada peça sem danificá-la.

Segundo os especialistas, não há registro de descoberta arqueológica de porte semelhante na região desde a abertura da tumba de Tutancâmon, em 1922. Tanis foi alvo de sucessivos saques ao longo dos séculos, o que torna quase inédita a preservação de um conjunto tão numeroso e intacto.

"Assim que avistamos três ou quatro ushabtis juntos, percebemos que estávamos perante algo extraordinário", confessou Payraudeau.

O conjunto foi decisivo para solucionar um enigma histórico: as estatuetas trazem símbolos da realeza que as associam de forma inequívoca ao faraó Sheshonq III, que governou o Egito entre 830 e 791 a.C.

A identificação surpreendeu pesquisadores, já que outro túmulo maior no local leva o nome do faraó, mas não abrigava seus restos.

Especialistas apontam que a sucessão turbulenta, marcada por guerra civil, pode ter impedido seu sepultamento no túmulo planejado.

Outra hipótese é a remoção posterior dos restos por saques; após estudos, as peças serão exibidas em um museu egípcio.

Após análise detalhada, as 225 estatuetas funerárias serão incorporadas ao acervo de um museu egípcio, onde ficarão abertas à visitação pública e contribuirão para ampliar o entendimento sobre esse período da história egípcia.