
'Pequeno nazista' e 'idiota': Merz registra quase 5 mil queixas por insultos nas redes sociais

O chanceler alemão e líder da União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, entrou recentemente com inúmeros processos criminais por difamação, informou o jornal alemão Welt no domingo (7), citando documentos obtidos exclusivamente.

Arquivos criminais, materiais de investigação e cartas dos advogados de Merz indicam que, desde 2021, quando ainda era líder da oposição CDU/CSU, ele entrou com centenas de queixas criminais diante de insultos publicados nas redes sociais.
O gabinete do chanceler confirmou essas alegações, afirmando que o político "iniciou processos criminais em relação a diversos insultos dirigidos a ele nas redes sociais durante seu último mandato parlamentar".
Sensibilidade e desproporcionalidade
A reportagem afirma que uma firma comissionada por Merz apresentou quase 5 mil queixas contra pessoas que o insultaram, com termos que vão de "babaca" a "bêbado imundo". Buscas foram realizadas nas casas de alguns destes réus, caracterizando medidas que provocaram contestações de legalidade e proporcionalidade.
"Após a busca na casa do cara que chamou Habeck [ex-vice-chanceler alemão] de 'idiota', consideramos inaceitável que Merz fizesse algo assim", afirmaram colegas de partido do chanceler, citados anonimamente na reportagem.
Uma senhora idosa acusada por Merz confessou chamá-lo de "pequeno nazista", imediatamente diante da chegada da polícia à sua residência. Segundo o Welt, a mulher é pobre, cadeirante e alega que suas raízes judias a deixam alarmada a novas ondas do fascismo. Apesar de sua confissão, seu celular foi confiscado para perícia, retirando seu principal meio de comunicação com serviços médicos e farmacêuticos necessários a seus cuidados de saúde.
A reportagem aponta que as queixas foram assessoradas pela agência So Done, que assina petições judiciais para políticos. Fundada por Alexander Brockmeier, político do Partido Livre Democrático (FDP, na sigla alemã), a empresa oferece assistência jurídica gratuita e é compensada com metade dos valores arrecadados nos processos.
O Welt ressalta que, embora a empresa declare seu objetivo de "combate ao discurso de ódio", ela trabalha em regime "pro bono" para as pessoas mais poderosas da Alemanha, contra a indignação de pessoas comuns.
- Essas revelações surgem num momento em que, segundo dados do INSA fornecidos ao jornal Bild, a coligação governamental formada pela CDU/CSU e pelo Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) atravessa a sua mais grave crise de confiança desde a sua formação em maio: 70% dos entrevistados desaprovam o desempenho da coligação. A taxa de aprovação do governo caiu para 21%.
- O próprio Friedrich Merz também está perdendo credibilidade. Mais de dois terços dos entrevistados (68%) estão insatisfeitos com seu desempenho, e apenas 23% avaliam seu trabalho positivamente.
