
'Repugnante': brasileira ex-cunhada de porta-voz de Trump nega versão do governo sobre detenção

A brasileira Bruna Caroline Ferreira, 33 anos, mãe do sobrinho da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, chamou de "falsas" e "repugnantes" as alegações do governo americano diante de sua detenção pelo Serviço de Imigração (ICE) no fim de novembro, em entrevista ao jornal The Washington Post publicada no domingo (7).

Bruna, que morava em Boston, Massachusetts, é acusada de morar ilegalmente em território americano, após vencimento de seu visto em 1999.
Após a detenção, a porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), Tricia McLaughlin, teria afirmado que a brasileira tem uma passagem criminal anterior por lesão corporal.
Bruna nega a acusação de permanência ilegal no país e afirmou à reportagem que foi beneficiada pelo programa de autorização prolongada (DACA), que protege da deportação jovens imigrantes que chegaram aos EUA como crianças antes de 2012, apontando que o benefício estava em processo de solicitação de residência permanente.
Seu advogado, Todd Pomerleau, desmentiu publicamente a alegação do governo de que sua cliente teria antecedentes criminais, apresentada sem qualquer prova documental. Pomerleau confirma que ela se envolveu em uma briga quando tinha 16 anos e foi intimada a comparecer a um tribunal de menores, mas nunca foi presa e o caso, seria sigiloso, foi arquivado.
Disputa familiar na sombra da fronteira
Bruna e o irmão de Karoline Leavitt, Michael Leavitt, separaram-se em 2015. A família Leavitt alega, desde a prisão de Bruna, que a brasileira nunca viveu com o filho e que não tem contato com a porta-voz da Casa Branca há anos.
A brasileira contestou as alegações, indicando que os cuidados com seu filho faziam parte de seu cotidiano até o momento de sua prisão e que essa relação a mantinha na órbita da família Leavitt.
Documentos confirmam que Bruna e Michael dispunham da guarda compartilhada do filho desde 2021, com a criança vivendo com o pai durante a semana e passando os fins de semana com a mãe.
Ela relembra o dia 12 de novembro, quando havia deixado o filho na escola e foi detida no caminho para buscá-lo. Ela afirma que não teve contato com a criança desde este momento.
"A ideia do meu filho me esperando na fila do transporte escolar e não ter ninguém para buscá-lo é algo que não sai da minha cabeça", afirmou Bruna na entrevista.
A brasileira já havia processado Michael em 2020 por dever pensão alimentícia e impedi-la de passar tempo com o filho.
No processo, ela alegou que ele já havia a ameaçado de deportação para intimidá-la e afastá-la da criança. Michael negou as alegações.
Enquanto Bruna afirma que Michael era uma das poucas pessoas que sabiam de sua rotina, ela nega saber se a família Leavitt teve qualquer ingerência sobre sua prisão.
"Não tive qualquer envolvimento no fato de ela ter sido detida pela polícia", alegou Michael ao The Post. "Não tenho controle e não tive qualquer participação nisso."

