Uma semana após as eleições presidenciais em Honduras, o país parece estar longe de um resultado final definitivo, com a impaciência e a desconfiança popular crescendo diante das denúncias de irregularidades e fraude no processo de recontagem.
O Conselho Nacional Eleitoral já está há 48 horas sem atualizar os resultados das eleições presidenciais. Os últimos resultados divulgados na tarde de sexta-feira (05), com 88% das atas revisadas, colocam em primeiro lugar Nasry Asfura, candidato do Partido Nacional e favorito dos EUA, com 40,19% dos votos, seguido de perto por Salvador Nasralla, que obteve 39,49%.
Rixi Moncada, candidata do partido governista LIBRE, está em terceiro lugar, com 19,3%.
Nasralla denunciou no domingo (07) que lhe "roubaram" votos na maioria dos estados do país.
"Depois de analisar milhares de atas, verificamos que na maioria dos departamentos fomos roubados na transcrição das atas", escreveu ele em sua conta no X, uma semana após o início da contagem dos votos, enquanto os hondurenhos aguardam ansiosamente para saber quem será o futuro chefe de Estado.
Horas antes, Nasralla denunciou que milhares de atas eleitorais haviam sido "alteradas" para beneficiar seu adversário. "Mais adulterações. São milhares de atas alteradas em favor do candidato que nunca esteve em primeiro lugar nas pesquisas, nem nas boca de urna", tuitou, sem mencionar diretamente Asfura. "Aqueles que as adulteraram, preparem-se para enfrentar a Justiça a partir de 27 de janeiro de 2026", advertiu.
No domingo (07), o Conselho Nacional Eleitoral confirmou que um incidente de segurança "grave" comprometeu a integridade do sistema de transmissão de resultados eleitorais preliminares (TREP) em Honduras.
Especificamente, durante a contagem dos votos das eleições presidenciais de 1º de dezembro, um funcionário ligado ao conselheiro do CNE Marlon Ochoa recebeu todas as senhas de acesso atribuídas aos partidos políticos em uma fase crítica para os mecanismos de controle da transmissão dos resultados, o que afeta a credibilidade do processo eleitoral, segundo o El Heraldo.
"O número de votos contados permaneceu estático nos últimos dias. Já se passaram sete dias desde as eleições e não sabemos nada", declarou à Reuters.
Por sua vez, Josué Laínez, estudante que votou em Tegucigalpa, expressou que, embora queira acreditar na democracia, sempre sente desconfiança e medo de fraude eleitoral no fundo.
"Sinceramente, não confio no CNE", disse à agência.
Em meio a essa incerteza, as autoridades hondurenhas pedem à população que mantenha a calma.
Eleições em um clima de alta tensão
- Mais de seis milhões de cidadãos foram convocados a comparecer às urnas para eleger o novo presidente ou presidente do país.
- Os hondurenhos também votaram em 128 deputados do Congresso, 20 representantes do Parlamento Centro-Americano, 298 prefeitos e seus respectivos vice-prefeitos e 2.168 vereadores.
- A véspera da eleição foi marcada por uma forte polêmica, já que o governo alertou sobre uma suposta conspiração da oposição para manchar o processo e provocar um caos político no país. Em contrapartida, a oposição acusou o Executivo de querer manipular os resultados para evitar a derrota da candidata do partido governista.