Toffoli foi de jatinho à final da Libertadores com advogado do caso Master, no qual é relator

O ministro confirmou a interlocutores o uso da aeronave de seu amigo, o empresário Luiz Osvaldo Pastore, embora negue ter discutido o caso durante o voo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli viajou em um jatinho particular para Lima, capital do Peru, para assistir à final da Libertadores, em 29 de novembro, em voo compartilhado com Augusto de Arruda Botelho, advogado no caso Master, processo em que Toffoli é relator. A informação foirevelada pela coluna de Lauro Jardim, em O Globo. 

Torcedor do Palmeiras, Toffoli acompanhou a final vencida pelo Flamengo. A aeronave pertence ao empresário capixaba e ex-senador Luiz Osvaldo Pastore (MDB-ES), também palmeirense.

O caso Master

O caso do Banco Master foi revelado a partir de investigação da Polícia Federal, que identificou transações bilionárias entre a instituição e fundos de pensão estaduais e municipais por meio da emissão de títulos de crédito fraudulentos. Liquidado por ordem do Banco Central (BC), o banco teria captado cerca de R$ 1,9 bilhão com a venda desses papéis.

O processo chegou ao STF após Toffoli acolher recurso da defesa de Daniel Vorcaro, dono do banco, preso na operação Compliance Zero ao tentar deixar o país em voo particular.

Os advogados alegaram que o envolvimento do deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA) em contrato investigado pela PF transferiria a competência do caso ao STF, em razão do foro privilegiado do parlamentar. Toffoli foi sorteado para relatoria do processo um dia antes da viagem a Lima, em 28 de novembro.

O diretor de riscos e compliance do Banco Master, Luiz Antonio Bull, também é investigado e foi preso na mesma operação que Vorcaro. Ele é defendido por Augusto de Arruda Botelho, ex-secretário nacional de Justiça no governo Lula, que também estava no voo para Lima.

Segundo reportagem do g1, Toffoli confirmou a viagem no jato de Pastore, de quem diz ser amigo, mas alegou não ter proximidade com Botelho nem ter tratado do caso durante o encontro.

O pedido da defesa de Vorcaro foi reiterado pela defesa de Bull, representada por Botelho, na quarta-feira (3). O ministro acolheu a solicitação no mesmo dia e determinou sigilo.