Netanyahu volta a alegar que reconhecimento de Estado palestino ameaça Israel; Mustafa rebate tese

Premiê israelense afirmou ter divergências com chanceler alemão Friedrich Merz durante coletiva conjunta em Jerusalém.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descartou neste domingo (7) a possibilidade de reconhecimento de um Estado palestino, afirmando que a proposta representaria uma ameaça direta à existência do país. A declaração foi feita ao lado do chanceler alemão, Friedrich Merz, durante coletiva de imprensa em Jerusalém, informou o jornal The Times of Israel.

Segundo Netanyahu, há "pontos de vista diferentes" entre os dois líderes sobre o tema. O premiê afirmou que "o propósito de um Estado palestino é destruir o único Estado judeu" e citou Gaza como exemplo.

"Eles já tiveram um Estado em Gaza, um Estado de fato, e ele foi usado para tentar destruir o único Estado judeu", declarou.

Netanyahu acrescentou que Israel busca "um caminho para avançar uma paz mais ampla com os Estados árabes" e também para estabelecer "uma paz viável" com os palestinos, mas reiterou que não aceitará a "criação" de um Estado que, segundo ele, estaria "comprometido com nossa destruição na nossa porta".

O premiê destacou ainda que Israel manterá o controle de segurança entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão. Netanyahu afirmou que a possível anexação da Cisjordânia continua em discussão, mas que o atual status da região deve permanecer inalterado "no futuro previsível".

Em 16 de setembro, Netanyahu já havia afirmado que não permitirá a divisão de Jerusalém nem a criação de um Estado palestino. 

"Esta é a nossa cidade. Será nossa cidade para sempre. Nunca mais será dividida, e não haverá um Estado palestino", ressaltou.

Israel torna Cisjordânia 'inabitável'

Em entrevista publicada pelo Financial Times neste domingo, o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Mustafa, afirmou que o governo israelense está tornando a Cisjordânia "inabitável", em meio ao aumento de violência, operações militares e crise financeira.

Mustafa afirmou ainda que as políticas de Netanyahu visam "enfraquecer a Autoridade Palestina", expandir assentamentos e "convencer o resto do mundo de que não há lugar para um Estado". Segundo Mustafa, o objetivo final seria levar palestinos a deixar o território devido às condições cada vez mais difíceis.