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Rússia faz novo alerta sobre consequências caso ativos russos sejam confiscados

Moscou afirmou que expropriação criaria ameaça para "todos os países que mantêm fundos em jurisdições ocidentais".
Rússia faz novo alerta sobre consequências caso ativos russos sejam confiscadosGettyimages.ru / Jens Büttner/picture alliance

A Rússia alertou neste sábado (6) que o possível confisco de seus ativos congelados por países ocidentais pode gerar riscos para todo o sistema financeiro internacional. A declaração foi feita pelo Ministério das Relações Exteriores russo após a Comissão Europeia apresentar uma proposta atualizada para utilizar esses recursos no financiamento à Ucrânia.

Em comunicado, a chancelaria afirmou que "as tentativas de expropriação de ativos soberanos de bancos centrais criam riscos para todos os Estados que mantêm fundos em jurisdições ocidentais". A nota se referia à reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas realizada na quinta-feira (4), em alusão ao Dia Internacional contra as Medidas Coercitivas Unilaterais.

O ministério reiterou que o uso de medidas coercitivas contraria a Carta da ONU, segundo a qual "a prerrogativa de impor medidas coercitivas corresponde ao Conselho de Segurança" e somente em situações relacionadas a "ameaças à paz e à segurança".

Segundo o documento, a Rússia tem sido "objeto de medidas de pressão econômica sem precedentes" nos últimos anos. Apesar disso, o governo afirma que a economia do país demonstrou "alto grau de estabilidade e adaptabilidade", mantendo crescimento constante.

A chancelaria também declarou que as sanções causaram "graves danos" às economias que as impuseram, mencionando perdas europeias estimadas em até 1,6 trilhão de euros entre 2022 e 2025.

O ministério citou ainda estimativas da ONU para reforçar que sanções unilaterais geram "riscos sistêmicos para toda a economia mundial", incluindo déficit energético e alimentar, aumento do endividamento e queda da confiança na arquitetura financeira global.

Moscou destacou que continuará, "junto com seus parceiros", a combater medidas consideradas ilegítimas e "outras manifestações de neocolonialismo", com o objetivo declarado de construir uma "arquitetura multipolar justa, livre do ditado das sanções e da coação".

  • Desde fevereiro de 2022, vários países ocidentais (Estados Unidos, nações da União Europeia e Reino Unido, entre outros) mantêm congelados mais de 300 bilhões de dólares em ativos estatais russos. Em setembro, a Comissão Europeia (CE) propôs conceder à Ucrânia um "empréstimo de reparação" de 140 bilhões de euros, financiado com os ativos russos congelados.
  • A Rússia expressou reiteradamente sua oposição a qualquer utilização de seus ativos congelados. O presidente Vladimir Putin classificou o possível confisco como "roubo" e advertiu que Moscou prepara contramedidas. O mandatário russo também explicou que a iniciativa teria "consequências negativas para o sistema financeiro mundial", uma vez que toda a confiança na zona do euro "despencaria".