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Premiê do Catar afirma que trégua em Gaza não é cessar-fogo sem retirada total de Israel do enclave

Líderes da Turquia e Egito também defenderam avanço para próxima fase do plano de paz; negociações seguem travadas por impasses sobre fronteira e reféns.
Premiê do Catar afirma que trégua em Gaza não é cessar-fogo sem retirada total de Israel do enclaveGettyimages.ru / EuropaNewswire/Gado

O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, afirmou neste sábado (6) que a trégua em vigor na Faixa de Gaza não pode ser considerada um cessar-fogo, já que apenas a retirada completa das forças israelenses do enclave permitiria classificar a situação dessa forma. A declaração foi feita durante um debate no Doha Forum e repercutida por outras autoridades presentes.

Segundo Al Thani, "o que temos agora é apenas uma pausa", reforçando que "um cessar-fogo não pode ser implementado enquanto não houver a retirada total das forças israelenses, estabilidade em Gaza e circulação plena de pessoas", condições que, segundo ele, ainda não foram alcançadas.

A posição do premiê catariano foi acompanhada pelo ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, que apresentou a visão de Ancara para a implementação da segunda fase do plano de paz para Gaza elaborado pelo governo dos Estados Unidos.

Fidan afirmou que o desarmamento do Hamas só deveria ocorrer após a instalação de uma força internacional de estabilização, medida que o Egito defende que seja adotada "o mais rápido possível".

Impasses internacionais

O contexto das negociações continua marcado por impasses, afirmou o The Times of Israel neste sábado. No início da trégua, em 10 de outubro, Israel retirou tropas para a chamada Linha Amarela, que divide o território em duas metades.

O país, porém, retardou a reabertura da passagem de Rafah, alegando que o Hamas ainda não havia devolvido todos os reféns mortos, incluindo o policial Ran Gvili, cujo corpo permanece retido no enclave.

"Exigimos que o primeiro-ministro Netanyahu e o presidente Trump pressionem o Hamas e a Jihad Islâmica para trazer Rani para casa imediatamente", afirmaram familiares em nota divugada à imprensa.

Apesar de Israel ter sinalizado que permitiria a reabertura parcial da fronteira, apenas para saída de palestinos, o Egito rejeitou a proposta e insistiu para que o fluxo de entrada também seja autorizado.

Al Thani afirmou que Catar, Turquia, Egito e Estados Unidos estão atuando conjuntamente para "forçar o caminho para a próxima fase" do acordo. De acordo com um funcionário norte-americano citado pelo The Times of Israel, Washington pretende anunciar em breve o início da etapa, que prevê um governo palestino tecnocrático e uma Força Internacional de Estabilização supervisionada por um conselho de paz liderado pelo presidente Donald Trump.

Direitos dos palestinos

Ainda na declaração no Doha Forum, o premiê do Catar, porém, ponderou que a segunda fase deve ser entendida como "temporária" e destacando que "resolver apenas o que aconteceu em Gaza não é suficiente". Para ele, o conflito envolve também questões relacionadas à Cisjordânia e aos "direitos dos palestinos ao seu Estado".

Al Thani reconheceu ainda o papel dos Estados Unidos nas negociações de cessar-fogo, afirmando que avanços recentes só foram possíveis devido à disposição de Washington em dialogar diretamente com o grupo Hamas. Questionado sobre críticas ao Catar por abrigar lideranças do grupo, o premiê afirmou que essa "via aberta" foi essencial para todos os acordos alcançados durante a guerra.

"O Catar fornece uma plataforma para que as partes conversem. Isso não significa tomar um lado. Nosso papel é garantir que o diálogo continue e produza resultados positivos", declarou.