Fundador do Telegram: UE pune plataformas que possuem 'discurso dissidente'

Pavel Durov relembrou casos em que foi solicitado por autoridades francesas a influenciar eleições na Romênia e Moldávia.

Pavel Durov, CEO e fundador do Telegram, fez duras críticas à União Europeia (UE) nesta sexta-feira (5), após o bloco multar a rede social X em 120 milhões de euros.

O executivo respondeu a uma postagem de Elon Musk, dono da plataforma, que relatou como a Comissão Europeia lhe apresentou um "acordo secreto ilegal". "Se censurássemos silenciosamente discursos sem contar a ninguém, eles não nos multariam", afirmou.

Durov reforçou a denúncia, declarando que "a UE impõe regras para punir empresas de tecnologia que se recusam a silenciar a liberdade de expressão". "Nós vimos a mesma coisa na França: uma 'investigação criminal' sem fundamento, seguida de serviços de inteligência oferecendo ajuda caso o Telegram censurasse discursos na Romênia e na Moldávia", explicou.

Em outra publicação, Durov comentou a declaração do jornalista sueco Peter Sweden, que apontou a motivação da multa aplicada pela UE: "é onde a narrativa da mídia mainstream é exposta".

Para o empresário, Bruxelas "exclusivamente mira plataformas que hospedam discursos incômodos ou dissidentes (Telegram, X, TikTok...)". Ele sustentou que "plataformas que silenciam pessoas de forma algorítmica" permanecem "intocadas" pelas autoridades europeias, "apesar de apresentarem problemas graves de conteúdo ilegal".

Influência em outros países

Anteriormente, Durov denunciou as autoridades francesas por tentativas de influenciar eleições na Europa, violando a liberdade de expressão. Em maio deste ano, o russo disse que o chefe da Inteligência francesa, Nicolas Lerner, pediu para ele "banir vozes conservadoras" na Romênia, que estava passando por um processo eleitoral conturbado. A França, por sua vez, negou as acusações.

Em setembro de 2025, o executivo afirmou que os franceses o procuraram novamente, cerca de um ano antes, quando estava preso no país. Na ocasião, autoridades do país europeu buscavam intervir nas eleições moldavas, segundo Durov. 

"Após revisar os canais indicados pelas autoridades francesas (e moldavas), identificamos alguns que violavam claramente nossas regras e os removemos. O intermediário me disse então que, em troca dessa cooperação, a inteligência francesa falaria bem de mim ao juiz que ordenou minha prisão", escreveu Durov neste domingo", disse, na época.

Ele classificou a manobra como ''inaceitável de várias formas'', observando que se a agência realmente contatou o juiz, tratou-se de uma tentativa de interferir no processo judicial.

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