FBI prende suspeito de posicionar bombas caseiras na véspera do ataque ao Capitólio

Investigação de quase cinco anos identificou Brian Cole como possível autor dos artefatos colocados nos comitês democrata e republicano.

O FBI prendeu na manhã desta quinta-feira (4) um suspeito de ter plantado bombas caseiras próximas às sedes dos Comitês Nacional Democrata (DNC) e Republicano (RNC) em Washington, um dia antes da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. A informação foi divulgada pela CNBC, que citou fontes da polícia federal norte-americana.

O detido foi identificado como Brian Cole, conforme dois altos funcionários da área de segurança. De acordo com quatro pessoas com conhecimento direto do caso, ele foi acusado de instalar os dispositivos explosivos que não chegaram a detonar.

A CNBC informou ainda que a motivação do suspeito não foi estabelecida. Entretanto, segundo duas fontes ouvidas pelo canal, ele foi associado a declarações que demonstrariam simpatia por ideologias anarquistas.

A prisão ocorreu a partir do mesmo conjunto de evidências reunidas principalmente entre 2021 e 2022, disseram as fontes, que afirmaram que o avanço tardio pode gerar constrangimentos ao FBI. A agência não respondeu ao pedido de comentário feito pela CNBC.

Até o fim de outubro, o FBI mantinha uma recompensa de US$ 500 mil por informações que ajudassem a identificar o responsável pelos artefatos. Imagens divulgadas pela polícia federal mostram que, às 19h54 de 5 de janeiro de 2021, uma pessoa com cerca de 1,70 m, máscara, luvas pretas e moletom cinza deixou uma bomba diante do prédio do DNC. Vinte e dois minutos depois, o mesmo indivíduo aparece colocando um segundo dispositivo nas proximidades do RNC.

O caso alimentou teorias da conspiração ao longo dos anos devido ao momento em que ocorreu, poucas horas antes de apoiadores do então presidente Donald Trump invadirem o Capitólio, e à dificuldade em identificar o suspeito.

Em episódio recente, um site conservador apontou uma ex-policial do Capitólio como possível envolvida, citando uma "análise". O FBI refutou a alegação, e a ex-agente apresentou vídeos que mostravam estar em casa com seus cães no horário, informou a CBS News.

A investigação mobilizou o FBI, a Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), o Departamento de Polícia Metropolitana de Washington e a Polícia do Capitólio. Até janeiro, as equipes haviam visitado mais de 1,2 mil endereços, entrevistado mais de mil pessoas, analisado quase 40 mil arquivos de vídeo e examinado mais de 600 denúncias.

Na tentativa de localizar o suspeito, agentes emitiram intimações para obter dados de compras de baterias em grandes varejistas e compararam as informações aos registros de celulares que estavam próximos aos prédios do RNC e DNC no momento dos fatos, sem encontrar correspondências, ainda segundo o canal.

A investigação também analisou as roupas usadas pelo autor e chegou a solicitar comprovantes de venda de calçados após identificar o modelo do tênis: um Nike Air Max Speed Turf cinza-claro com logotipo amarelo, conforme já havia informado o FBI.