Putin: "Os Estados Unidos estão prejudicando o instrumento mais importante de seu poder"
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse na sexta-feira que as ações do Governo dos EUA estão minando a confiança no dólar e seu papel como moeda de reserva mundial. Suas declarações ocorreram em uma coletiva de imprensa na cidade chinesa de Harbin, quando ele fez um balanço sobre sua visita oficial ao país asiático.
"As autoridades dos EUA estão minando a confiança no dólar, estão enfraquecendo seu principal, fundamental e mais importante instrumento de poder:o próprio dólar. Estão causando danos irreparáveis a si mesmos", declarou Putin.
"Por assim dizer, eles estão simplesmente cortando o galho no qual eles mesmos estão sentados. Isso é uma estupidez terrível", disse ele aos jornalistas. Putin também destacou as vantagens derivadas da situação atual. "Essa situação em que um país dita sua vontade para o resto do mundo, inclusive na esfera política, usando instrumentos financeiros e econômicos, é inaceitável e todos os países do mundo" reagem a ela.
"Basta observar que o volume de reservas em dólares está diminuindo. O mundo inteiro está reagindo. Acho que esse processo é inevitável", concluiu.
Pagamentos em moeda nacional
Em seus comentários, Putin indicou que a Rússia continua trabalhando na liquidação de pagamentos com seus parceiros comerciais na moeda nacional, observando que esse é um processo "correto" e irreversível. "Ele está ligado a certos custos e dificuldades, mas, em geral, é correto quando dizemos que estamos mudando para liquidações em moedas nacionais ou criando algum outro instrumento de liquidação com outros países. Esse processo está em andamento, já começou e não pode ser interrompido", detalhou.
A dívida nacional dos EUA
Em meados de abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) expressou preocupação com os gastos excessivos do Governo dos EUA. De acordo com seu relatório, o déficit orçamentário federal dos EUA aumentou de 1,4 trilhão de dólares no ano fiscal de 2022 para 1,7 trilhão de dólares no ano passado. A agência alertou então que a estabilidade financeira está sendo prejudicada em todo o mundo.
Posteriormente, a diretora da agência, Kristalina Georgieva, previu um declínio nas altas taxas de atividade da economia dos EUA. "Sim, a economia dos EUA parece continuar a funcionar em sua capacidade total, mas é pouco provável que isso dure", disse ela.
A dívida nacional dos EUA atingiu 34 trilhões de dólares no final de dezembro, pela primeira vez na história. O aumento ocorreu três meses após a dívida federal do país ter ultrapassado 33 trilhões em setembro, quando o déficit federal aumentou devido à queda das receitas fiscais e ao aumento dos gastos federais.