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Trump se pronuncia sobre telefonema com Maduro

O presidente dos EUA afirmou que seus objetivos na Venezuela vão "muito além" de uma "campanha de pressão".
Trump se pronuncia sobre telefonema com MaduroChip Somodevilla / Gettyimages.ru

O presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou nesta quarta-feira (3) que conversou com telefone com seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, ocasião na qual lhe disse "algumas coisas", mas se recusou a fornecer outros detalhes sobre o diálogo.

"Na realidade, não estamos conduzindo uma campanha de pressão. Vai muito além disso, eu acho. Mas falei com ele brevemente, só disse algumas coisas. Veremos o que acontece", declarou Trump à imprensa, ao ser questionado sobre uma possível segunda conversa e sobre o andamento de uma "campanha de pressão" para forçar a saída de Maduro do poder.

Trump aproveitou para fazer acusações contra as autoridades venezuelanas, alegando que enviaram aos EUA "pessoas que não deveriam enviar".

Segundo ele, a Venezuela "esvaziou suas prisões" e enviou "assassinos", "homicidas", "narcotraficantes de alto nível" e "membros de gangues" ao território americano. O presidente também afirmou que o país teria "esvaziado suas instituições mentais" nos EUA, e acrescentou que outros países teriam feito o mesmo.

Maduro aberto ao diálogo

Por sua vez, Maduro se mostrou aberto a manter uma conversa franca com Trump, mas descartou ceder às pretensões dos EUA que atentem contra a soberania, a autodeterminação e a independência de seu país.

"Quem quiser dialogar, encontrará sempre em nós pessoas de palavra, decentes e com experiência para governar a Venezuela (…). Então, nos EUA, quem quiser falar com a Venezuela, falará 'face to face', cara a cara, sem problema algum. O que não se pode permitir é bombardear e massacrar um povo", afirmou semanas atrás em seu programa Con Maduro+.

Agressões dos EUA

  • Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
  • Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
  • Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como RússiaColômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.