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Maduro confirma que conversou por telefone com Trump

O presidente venezuelano afirmou que foi um ''diálogo respeitoso''.
Maduro confirma que conversou por telefone com TrumpGettyimages.ru / Jesus Vargas

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou nesta quarta-feira (3) que, dias atrás, conversou por telefone com seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, que já havia mencionado o contato em comentários à imprensa.

"Há cerca de 10 dias, a Casa Branca ligou para o Palácio de Miraflores e tive uma conversa telefônica com o presidente Donald Trump", revelou o mandatário durante uma jornada de trabalho transmitida pela televisão.

Ao comentar que o episódio foi amplamente noticiado "pela imprensa mundial", Maduro ressaltou que, fruto de seus seis anos como chanceler e do tempo como chefe de Estado, prefere manter "prudência diplomática" e, por isso, não ofereceu mais detalhes.

"Eu não gosto de diplomacia de microfone. Quando há assuntos importantes, precisam ser tratados em silêncio, até que se concretizem", afirmou, assegurando que o diálogo foi "cordial" e conduzido "em tom de respeito".

"Se essa chamada significa que estão sendo dados passos para um diálogo respeitoso, de Estado para Estado, de país para país, bem-vindo ao diálogo, bem-vindo à diplomacia, porque sempre buscaremos a paz", acrescentou.

Recusa à guerra

Maduro reiterou que a sociedade americana está "farta de guerras eternas", pois seu histórico de guerra, que inclui conflitos prolongados em lugares como Vietnã, Iraque, Afeganistão ou Líbia, deixou "marcas em sua psicologia coletiva como país".

"Acredito que o caminho do povo dos EUA e do povo da Venezuela, tem que ser um caminho de respeito, de diplomacia e de diálogo", completou.

Agressões dos EUA

  • Escalada militar: Os Estados Unidos, em agosto, enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
  • Falsos pretextos: Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Infiltrações de inteligência: O presidente americano Donald Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano, em meados de outubro. Maduro perguntou, em resposta: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) [Que] não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • Postura venezuelana: Maduro afirma que o verdadeiro objetivo dos EUA é uma "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.
  • Condenação internacional: O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como RússiaColômbia, México e Brasil. Peritos da ONU afirmaram que as ações americanas se tratam de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.